O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu na madrugada desta quarta-feira (horário de Lisboa) um reforço da cooperação com os Estados Unidos da América, afirmando saber quem são os aliados de Portugal, e prometeu mais apoio aos emigrantes portugueses neste país.

Luís Montenegro falava num encontro com portugueses e lusodescendentes do estado de Nova Iorque, em Mineola, Long Island, logo depois de ter aterrado nos EUA, onde ficará até quinta-feira à noite para participar na 79.ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações unidas (ONU).

“Numa altura em que o mundo vive tempos difíceis, tempos de incerteza, tempos de guerra, nós em Portugal, nós no nosso Governo sabemos quem são os nossos aliados, e nós somos um aliado dos Estados Unidos e sabemos que os Estados Unidos são um aliado de Portugal”, declarou, perante cerca de uma centena de pessoas, no Mineola Portuguese Center.

“E, para além de toda a preocupação que nós temos com a nossa comunidade, há uma preocupação que, como portugueses que somos, com o sentido humanista que nos caracteriza, com o sentido de respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades, pela democracia, eu também quero aqui assegurar: é que, ao nível das relações bilaterais e ao nível da nossa participação em organizações internacionais onde estamos em simultâneo, nós continuaremos a trabalhar no reforço da cooperação com os Estados Unidos da América. É, de facto, um dos parceiros privilegiados que nós temos na nossa política externa”, acrescentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em Mineola, que tem um ‘mayor’ luso-americano, nascido no distrito de Aveiro, Paulo Pereira, o chefe do Governo PSD/CDS-PP elogiou o papel dos emigrantes como “capital ativo de Portugal espalhado pelo mundo” e prometeu-lhes mais apoio.

Segundo Luís Montenegro, o seu executivo está “a criar condições” para que a rede diplomática portuguesa faça “ainda mais no apoio direto à comunidade, para o exercício da participação política, cívica, para o acesso à informação, para o acesso à abertura de portas na administração americana que é necessária também no processo de integração”.

O primeiro-ministro observou que não estava “a olhar para trás com sentido crítico”, mas sim “a olhar para a frente com ambição”.

“A nossa rede diplomática serve para isso e está empenhada, estará empenhada em garantir esse apoio a todas as portuguesas e portugueses que vivem aqui e a todos os seus descendentes”, reforçou.

Na estrada, à chegada a Mineola, Luís Montenegro foi recebido por duas bandeiras de grandes dimensões, de Portugal e dos Estados Unidos, içadas pelos bombeiros, um gesto que agradeceu e disse que jamais esquecerá e considerou ser “um abraço de solidariedade” na sequência dos incêndios da semana passada em Portugal.

O Mineola Portuguese Center, fundado em 1936 e atualmente presidido por John Vieira, já tinha recebido, em 2002, a visita do então Presidente da República Jorge Sampaio.

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, também esteve presente neste encontro, que foi organizado pela New York Portuguese American Leadership Conference (NYPALC), que agrega dezenas de organizações luso-americanas do estado de Nova Iorque e é presidida por Crystal Fernandes.

Montenegro reúne-se com Guterres e participa em evento com Zelensky em Nova Iorque

As declarações de Montenegro aconteceram horas antes da reunião desta quarta-feira com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em Nova Iorque, onde também participará num evento organizado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com países que subscreveram acordos de segurança com a Ucrânia.

Esta quarta-feira, antes de se reunir com António Guterres, o chefe do Governo PSD/CDS-PP irá intervir num painel de alto nível sobre sustentabilidade dos oceanos e num debate aberto do Conselho de Segurança da ONU sobre liderança para a paz.

Segundo o programa divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro, no evento organizado por Volodymyr Zelensky com países que subscreveram acordos de segurança com a Ucrânia será adotada uma declaração conjunta que Portugal irá subscrever.

Pelo meio, Luís Montenegro participará num almoço de trabalho do Grupo de Líderes do Pacto de Paris para as Pessoas e o Planeta (4P).

Ao fim do dia, o primeiro-ministro estará na habitual receção oferecida pelo presidente norte-americano, Joe Biden, aos chefes de Estado e de Governo que participam na Assembleia Geral da ONU.

A sua intervenção de estreia perante a Assembleia Geral da ONU está marcada para a tarde de quinta-feira, terceiro dia do debate geral desta 79.ª sessão anual, que começou na terça-feira.

No contexto de incêndios em Portugal, na semana passada, Luís Montenegro decidiu reduzir a duração da sua viagem a Nova Iorque, inicialmente prevista para entre segunda e quinta-feira.

Esta é a sua segunda vez nos Estados Unidos da América, onde já esteve em julho, para participar na Cimeira da NATO, em Washington.

O chefe do Governo PSD/CDS-PP aproveitou esta deslocação para dois encontros com representantes de comunidades emigrantes portuguesas. Esteve em Mineola, Long Island, logo à chegada aos Estados Unidos da América, na terça-feira à noite, e estará em Newark, na quinta-feira à noite, antes de partir de regresso a Portugal.

Em Nova Iorque, encontra-se também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que na segunda-feira interveio em representação de Portugal na Cimeira do Futuro promovida pelo secretário-geral da ONU.

Esta sessão da Assembleia Geral da ONU tem como tema “Não deixar ninguém para trás: agindo juntos para o avanço da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras”.

A representação de Portugal no debate geral anual nas Nações Unidas tem alternado entre Presidente da República e primeiro-ministro.

Em 2016, 2018, 2019, 2021 e 2023 foi o atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a deslocar-se a Nova Iorque. Em 2017, 2020 e 2022 a intervenção perante a Assembleia Geral coube ao anterior primeiro-ministro, António Costa.

Portugal, que lançou em 2016 a candidatura vencedora de António Guterres a secretário-geral da ONU, entretanto reconduzido no cargo em 2021 e com mandato até ao fim de 2026, é candidato a um lugar de membro não-permanente no Conselho de Segurança da ONU no biénio 2027-28.