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No discurso na assembleia-geral das Nações Unidas, o Presidente da Ucrânia pediu apoios e deixou uma série de críticas a quem apoia a Rússia no conflito. A intervenção, feita em inglês, centrou-se em três grandes temas: a segurança nuclear, o sistema energético e a defesa da fórmula de paz.
Com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia a caminhar para o terceiro ano, Zelensky repetiu um pedido que costuma fazer todos os invernos — a necessidade de proteger a infraestrutura energética do país. “Como a Rússia não consegue derrotar o nosso povo, Putin está à procura de outras formas de destruir o espírito ucraniano”, acusou. Zelensky referiu que a “Rússia destruiu todas” as centrais termoelétricas do país, numa altura em que as temperaturas começam a baixar no país. “É assim que Putin se está a preparar para o inverno, na esperança de atormentar os ucranianos, famílias inteiras. Putin quer deixá-los no escuro e ao frio.” Pediu ainda aos países da ONU que “imaginem o vosso país com 80% do sistema de energia sem funcionar”. “Que tipo de vida seria?”
Zelensky citou informações dos serviços de segurança, de que “Putin parece estar a planear ataques às nossas centrais nucleares”, uma informação que já havia avançado na terça-feira. Frisou a necessidade de garantir a segurança nuclear, nomeadamente em centrais como Zaporíjia.
Nesse sentido, alertou que, caso a Rússia cause um desastre nuclear com um ataque, a radiação “não vai respeitar fronteiras”, temendo a repetição dos problemas causados por Chernobyl. Em 1986, a explosão do reator da central instalada em território bielorrusso, ainda durante a União Soviética, transportou radiação até outros países e afetou milhões de pessoas.
Zelensky avisa que catástrofe de Chernobyl pode repetir-se em Zaporijia
Zelensky repetiu os pedidos de apoio, salientando a ideia de que “não pode haver uma paz justa sem a Ucrânia”. “Acho que qualquer líder de qualquer país que nos apoia nisto, nos compreende quando vê que a Rússia, uma país vinte vezes maior que a Ucrânia em território, ainda quer mais terra”, nota. “Mais território é uma loucura, querem destruir o seu vizinho.”
O Presidente ucraniano pediu às Nações Unidas que seja respeitado o “direito da Ucrânia à integridade territorial, tal como é feito com qualquer outro país” e salientou a necessidade de expulsar “os ocupantes russos para levar ao fim da hostilidade na Ucrânia”.
Zelensky diz que fim da guerra “está mais perto” e insiste num apoio contínuo
O Presidente ucraniano considerou ainda que a Rússia encontrou aliados, como “a Coreia do Norte e o Irão” e criticou o facto de países como o Brasil terem criticado a fórmula de paz que apresentou. Fruto dos apoios à Rússia, agora lamenta que “todos os vizinhos da Rússia na Europa e Ásia Central sintam que a guerra pode chegar até eles”, temendo “que tipo de perdas podem surgir.”
Reforçou novamente a necessidade de uma “paz real e justa”, para logo a seguir lamentar que que nas Nações Unidas não seja possível resolver “questões de guerra de forma justa”, já que depende “muita coisa do poder de veto que o agressor exerce” no Conselho de Segurança, onde a Rússia tem um assento.
Do ponto de vista de Zelensky, Putin só conseguirá oferecer aos países das Nações Unidas “mais desastres e sofrimento”. Por isso, salientou a necessidade de que “a segurança nuclear seja restabelecida, que a energia deixe de ser usada como uma arma e que haja segurança alimentar”.
Por fim, recordou o “passado colonial pesado” que os países da União Soviética têm e que “não se adequa a ninguém hoje em dia”. Questionou como é que um regresso a esse passado “pode ser imposto hoje à Ucrânia”.
No fim, apelou aos países das Nações Unidas a que “não dividam o mundo”, pedindo apoio para dar ao seu povo “uma paz real e justa”. “Não vamos dividir o mundo, sejamos Nações Unidas.”