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O Presidente russo, Vladimir Putin, reuniu esta quarta-feira o Conselho de Segurança da Rússia, durante o qual propôs alterações às condições da doutrina nacional para a utilização de dissuasão nuclear. As alterações recomendadas permitiriam a Moscovo responder aos ataques ucranianos com recurso a estas armas.
Neste momento, a doutrina nuclear russa permite a utilização de armas nucleares “em medidas extremas para proteger a soberania do país”. Contudo, Vladimir Putin justificou a proposta de mudança com a necessidade de adaptar as medidas à realidade. “É importante prever os desenvolvimentos de uma dada situação e adaptar as provisões dos documentos de planeamento estratégico de acordo com as realidades atuais”, afirmou, segundo uma transcrição da sua intervenção publicada pelo gabinete da presidência.
Estas alterações devem passar a contemplar duas dimensões: ataques de mais Estados e com mais tipos de armas. No que toca aos Estados, a doutrina deixa de dizer respeito exclusivamente a outros Estados nucleares. “A agressão contra a Rússia por qualquer Estado não-nuclear, mas com a participação ou apoio de um Estado nuclear, é proposto que seja considerado um ataque conjunto à Federação Russa”, o que desencadearia uma resposta de dissuasão nuclear, propôs Vladimir Putin.
Relativamente ao tipo de armamento, o chefe de Estado russo sugeriu “considerar a possibilidade [de recorrer às armas nucleares] após a receção de informação confiável sobre um ataque aéreo em massa e a passagem da fronteira“. “Refiro-me a aeronaves estratégicas e táticas, mísseis cruzeiro, drones e aeronaves hipersónicas”, clarificou. Esta proposta surge como uma tentativa de resposta aos ataques em massa que Kiev tem desencadeado contra alvos militares, nas últimas semanas, ataques cada vez mais profundos em território russo e distantes da fronteira.
Face a estas propostas na doutrina nuclear de Moscovo, Kiev não tardou a responder. O chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak, condenou as declarações, acusado Putin de ameaças vazias. “A Federação Russa não fez mais nada para além de chantagem nuclear, não tem mais instrumentos para intimidar o mundo. Estes instrumentos não vão funcionar”, escreveu Yermak no seu canal de Telegram.