O tribunal de instrução criminal de Madrid suspendeu esta segunda-feira a deliberação do caso de Begoña Gómez, mulher de Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol. Em causa está o não envio de um dos recursos apresentados pela defesa contra uma ordem do presidente do 41º Tribunal de Instrução de Madrid, Juan Carlos Peinado.
O tribunal aceitou adiar a deliberação e a decisão sobre o arquivamento ou não do processo contra Begoña Gómez até que o referido recurso seja incorporado no processo. “Depois de examinar o testemunho enviado a pedido da Câmara a 9 de setembro, recebido a 13 deste mês, verificou-se a existência de um recurso direto contra a ordem de 1 de julho de 2024 pela defesa da investigada, um recurso que não foi referido na carta oficial de envio nem no breve testemunho que a acompanhava”, destaca-se no despacho emitido pelo tribunal, citado pelo El Mundo.
“Como o estado de tramitação do referido recurso é relevante para a deliberação prevista para hoje, deve ser esclarecido pelo assessor jurídico da administração da justiça adstrito ao 41º Tribunal de Instrução de Madrid, com a suspensão da deliberação prevista para hoje”, determinou o coletivo de juízes espanhóis.
A defesa de Begoña Gómez alega que Peinado está a realizar “uma investigação prospetiva”, ultrapassando os limites impostos há meses pelo próprio tribunal de instrução à investigação há familiar do político.
A investigação judicial à mulher de Pedro Sánchez resulta de uma queixa por alegado tráfico de influências apresentada pela associação “Mãos Limpas”, conotada com a extrema-direita espanhola.
“Infelizmente”, salienta o advogado de Begoña Gómez no recurso registado a 8 de julho, “não é de todo invulgar que muitos processos se iniciem como uma autêntica pesca ao investigado, a pretexto do esclarecimento de um determinado facto criminoso, mas que, na realidade, o que pretendem é investigar a vida e obra do sujeito para ver se, no decurso dessa investigação, se descobrem outros crimes”.