Dois agentes da PSP atualmente colocados na Polícia Municipal de Lisboa foram detidos na madrugada desta quinta-feira, numa operação para desmantelar uma rede de tráfico de seres humanos.

A investigação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, explica fonte oficial da PSP, decorre há cerca de um ano e meio. Ao Observador, o Comandante da Polícia Municipal de Lisboa, José Figueira, confirmou terem sido feitas diligências e as detenções, sem adiantar mais detalhes.

Como funcionava a rede?

As autoridades identificaram “uma estrutura que explorava mulheres para a prostituição, submetendo-as a condições degradantes e desumanas, obrigando-as a trabalhar de forma quase permanente, limitando a sua liberdade e autodeterminação”.

Quem liderava a rede era uma mulher, que “geria o negócio” e se socorria de “diversos colaboradores, quer no espaço utilizado para a prostituição, quer como rede de apoio”.

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E qual seria o papel dos dois polícias na rede?

É nessa lista de “colaboradores” que entram os dois polícias agora detidos. Os investigadores acreditam que ambos, atualmente em funções na Polícia Municipal de Lisboa, estejam “ligados ao negócio da exploração das mulheres para a prostituição”.

Segundo a CNN, os dois agentes ter-se-ão deslocado fardados aos locais onde as vítimas eram forçadas a prostituir-se, tendo um papel de intimidação e coação sobre as mesmas para que cumprissem as ordens que recebiam.

Onde foram feitas buscas?

Nas últimas horas, foram feitas diversas buscas na grande Lisboa e no Algarve, que tinham como objetivo recolher indícios dos crimes — relacionados com o tráfico de seres humanos e lenocínio agravado.

“Realizaram-se sete buscas domiciliárias, sendo seis às residências dos suspeitos e uma ao local utilizado para a prática da prostituição, e cumpriram-se ainda buscas na Polícia Municipal de Lisboa, local de trabalho dos dois polícias investigados”, esclarece a PSP.

Polícia Municipal diz ter “colaborado” nas buscas

Ao Observador, José Figueira assegurou que a Polícia Municipal colaborou com as operações levadas a cabo: “Colaborámos com as autoridades judiciárias que efetuaram a busca e auxiliámos em todas as solicitações feitas por essa equipa”.

No total, nesta operação, foram detidas “três pessoas com idades entre os 40 e 45 anos e constituídas arguidas outras duas”. Os suspeitos serão presentes a tribunal nas próximas horas para aplicação das medidas de coação.