Kamala Harris promete aumentar os impostos sobre os multimilionários e as maiores empresas do país para pagar as propostas económicas do seu programa eleitoral, que incluem a construção de novos fogos para habitação, benefícios fiscais para novos pais e uma assistência de 25.000 dólares para comparticipar a entrada de quem quer comprar casa de primeira habitação.

Em entrevista ao programa “60 Minutos” do canal norte-americano CBS, a candidata democrata disse que não se pode “dar ao luxo de ser míope” em relação à forma como pensa “em fortalecer a economia dos Estados Unidos”. “Deixem-me dizer-vos uma coisa. Sou uma servidora pública devota. Sabem que também sou uma capitalista e conheço as limitações do governo”, acrescentou, defendendo que os legisladores irão ouvir a sua proposta quando for Presidente.

Já sobre a questão da migração, a vice-presidente admitiu que se trata de um “problema de longa data” e apelou a que “o Congresso seja capaz de agir para resolver o problema”. Quando questionada sobre a abordagem da administração do Presidente Joe Biden às políticas de imigração, a candidata recusou-se a responder se as autoridades deveriam ter reprimido mais cedo as entradas no país, apontando para as soluções oferecidas pela administração da qual foi número dois nos últimos quatro anos.

No decorrer da entrevista, Kamala Harris criticou ainda a decisão de Trump de desistir da sua ida ao mesmo programa. O candidato republicano já tinha agendado com a equipa do programa “60 Minutos” uma reunião na sua propriedade de Mar-a-Lago, revelou o correspondente da CBS, Scott Pelley, na segunda-feira à noite, no início da emissão da entrevista à candidata democrata.

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O candidato terá exigido um pedido de desculpas, depois de, em outubro de 2020, se ter sentado com a correspondente do “60 Minutes” Lesley Stahl e a entrevista ter terminado abruptamente. Após 45 minutos, o então Presidente dos EUA decidiu interromper a entrevista — levantando-se e argumentando que a estação já tinha material suficiente. A informação foi confirmada à CNN por duas fontes presentes no momento da entrevista.

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Nas últimas semanas, o antigo Presidente só aceitou ser entrevistado por meios de comunicação social que tendencialmente são amigáveis à sua candidatura, incluindo a Fox News.

Kamala Harris: “Se Donald Trump fosse presidente, Putin já estaria em Kiev”

Sobre a Ucrânia, Harris considera que o fim desta guerra só poderá ser discutida com a Ucrânia na mesa das negociações. “Não se pode acabar com esta guerra sem que a Ucrânia e a ONU participem”. Questionada sobre se pondera negociar uma solução com Vladimir Putin, Kamala Harris é perentória: “Não bilateralmente sem a Ucrânia. A Ucrânia deve ter voz ativa no futuro da Ucrânia”.

Lembrando que os EUA estão a apoiar a capacidade de Kiev para se defender das forças russas, a candidata democrata disse mesmo que caso Donald Trump fosse presidente dos EUA, “Putin estaria já em Kiev”. E acrescenta que quando o opositor fala em acabar com a guerra em pouco tempo, está “a falar numa rendição” da Ucrânia.

Em relação a Israel e à pergunta “os EUA têm um aliado próximo em Netanyahu?”, a vice-presidente norte-americana respondeu com outra questão. “Acho que, com todo o respeito, a melhor pergunta é: Temos uma aliança importante entre o povo americano e o povo israelita? E a resposta a essa pergunta é sim”, disse Kamala Harris, que contornou a questão que inicialmente lhe tinha sido colocada.

Durante a entrevista, que foi para o ar esta segunda-feira, dia em que se assinalou um ano do ataque do Hamas contra Israel, a candidata presidencial do Partido Democrata salientou que Israel tem o direito de se defender, mas disse que “muitos palestinianos inocentes foram mortos”.

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