“Acham que alguma vez Donald Trump mudou uma fralda?” Foi com esta pergunta que o ex-Presidente norte-americano, Barack Obama, arrancou mais risadas num comício democrata na Pensilvânia, um swing state cujo sentido de voto está longe de estar definido. Foi um dos muitos ataques ao republicano, que foram constantes: “Ele apenas quer saber do seu ego, do seu dinheiro e do seu estatuto. Ele não pensa em vocês”.

Num discurso intenso, Barack Obama acusou Donald Trump de “mentir, fazer batota e de ter um gritante desrespeito pela Constituição norte-americana”. “Se se desafiar Trump a elaborar e enumerar os conceitos, ele não vai conseguir responder. Não importa o assunto, seja habitação, seja o plano de saúde, seja a economia — a única resposta é culpar os imigrantes”, atirou o antigo Presidente norte-americano de 2008 a 2016.

“Donald Trump vê o poder como um meio para chegar a um objetivo”, afirmou Barack Obama, acrescentando: “Não há nenhuma evidência que este homem pense em mais alguém do que ele mesmo. Donald Trump é um bilionário de 78 anos que não parou de queixar dos seus problemas”.

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No seu discurso, quase tudo serviu de arma de arremesso contra o magnata: “Há os tweets em caps lock [a partilhar] teorias de conspiração. Há os discursos de duas horas, parece o Fidel Castro. Tentativas de vender coisas. Quem faz isso? Vende sapatilhas douradas, relógios de 100 mil dólares e, mais recentemente, uma Bíblia. Ninguém conseguia inventar isso”.

Depois dos ténis e dos perfumes, chegam as bíblias. Trump tenta angariar dinheiro para pagar fiança milionária

A alternativa a este cenário? O voto em Kamala Harris, diz Barack Obama. “Ela não estará focada nos seus problemas, estará focada nos vossos. Como Presidente, ela não vai apenas favorecer os seus apoiantes e punir aqueles que se recusam a beijar o anel ou ajoelharem-se. Ela vai trabalhar pelo bem de todos os norte-americanos. É assim que Kamala é.”

Porém, o ex-Presidente nota um “problema” nesta campanha, que admitiu estar “dividida”, principalmente entre os homens. “Parte de mim pensa, e estou a falar para os homens diretamente, que [os homens] não adoram a ideia ter uma mulher como Presidente e estão a arranjar alternativas e razões para isso”, destacou Barack Obama, que tentou apelar aos voto masculino — e principalmente ao voto dos homens negros.

“Pensam que apoiar alguém que tem uma história a denegrir-vos é um sinal de força? Pensam que isso é ser homem? Alguém que quer derrubar as mulheres? Isso não é aceitável“, disse Barack Obama. Continuando no apelo ao voto dos homens, o ex-Presidente denunciou que alguns veem o “bullying” que Donald Trump “faz ao deitar as pessoas abaixo” como um “sinal de força” masculina. “Eu digo-vos: isso não é força. Nunca foi.”