Oito organizações católicas, algumas com ligações ao mundo do trabalho, alertaram este sábado para a persistência, em Portugal, de trabalhadores com rendimentos que não lhes permitem superar a pobreza, do trabalho ilegal e/ou clandestino e elevados índices de precariedade.

Num manifesto intitulado “O desafio do trabalho digno num mundo em mudança”, lançado no final da conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz, que decorreu na manhã deste sábado em Lisboa, as oito organizações sublinham que também “não desapareceu a necessidade de combater as desigualdades no trabalho entre homens e mulheres”.

“A precariedade (num quadro de legalidade, ou não, com recurso frequente aos falsos “recibos verdes”) atinge hoje grande número de trabalhadores e de modo particular os jovens, o que em muito dificulta a realização dos seus projetos pessoais, como o de constituir família”, alerta o documento subscrito pala Ação Católica Rural, Associação Cristã de Empresários e Gestores, Cáritas Portuguesa, Comissão Nacional Justiça e Paz, Federação Solicitude, Juventude Operária Católica, Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos e Metanoia — Movimento Católico de Profissionais.

Segundo estas organizações, as “novas formas contratuais, como as relativas ao trabalho em plataformas digitais, acentuam essa precariedade e não protegem devidamente direitos laborais anteriormente consolidados”, pelo que se impõe, “em muitas situações a redução e reorganização dos horários de trabalho, de modo que estes não prejudiquem injustificadamente a vida familiar ou outras formas de realização pessoal para além da esfera laboral”.

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A limitação do trabalho ao domingo é uma das medidas defendidas para a minimização deste problema.

O documento alude, também, à necessidade de mão de obra imigrante, nomeadamente na agricultura, setor em que a média de idade dos trabalhadores portugueses ronda os 64 anos. “Este facto acentua o perigo de acidentes e explica a necessidade de recurso a trabalhadores imigrantes. O trabalho de imigrantes na agricultura e noutros setores é indispensável, mas exige um eficaz controlo das condições em que se realiza: salários e habitação dignos e plena integração social”, acrescenta.

O manifesto defende ainda que “o caminho para uma sociedade mais justa só se alcança com melhor distribuição da riqueza, com melhores condições de trabalho que promovam a saúde e bem-estar dos trabalhadores, com formação profissional de qualidade e com o aumento da produtividade”.