Na véspera do julgamento do processo BES/GES, que começa esta terça-feira, o ex-banqueiro Ricardo Salgado foi pronunciado para novo julgamento no processo do último aumento de capital do Banco Espírito Santo (BES), feito em 2014 . Ricardo Salgado, Amílcar Pires, Rui Silveira e Isabel Almeida estavam acusados, desde 2022, da co-autoria dos crimes de manipulação do mercado e de burla qualificada. José Manuel Espírito Santo, que morreu em fevereiro de 2023, fazia parte da lista de acusados.
A juíza Alice Andrade Moreira validou toda a acusação do Ministério Público e pronunciou os acusados na exata medida da acusação, segundo o despacho de pronúncia a que o Observador teve acesso.
“À luz dos elementos de prova indiciária recolhidos e pelos motivos sobreditos, o tribunal formou a sua convicção no sentido de que é mais provável que os arguidos requerentes da fase de instrução tenham cometido os factos que lhes são imputados na acusação pública havendo, à luz desses mesmos elementos, uma probabilidade qualificada destes virem a ser condenados pelos factos que lhes são imputados”, lê-se na decisão instrutória do Tribunal Central Instrução Criminal.
Ricardo Salgado já foi julgado em dois processos. Em junho deste ano, o antigo presidente do BES foi condenado a seis anos e três meses de prisão pelos crimes de corrupção e branqueamento de capitais no processo EDP, em que ficou provado que corrompeu o antigo ministro Manuel Pinho.
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Antes, em fevereiro, Salgado viu o Supremo Tribunal de Justiça confirmar a pena de oito anos de prisão efetiva decidida pela Relação de Lisboa pela alegada prática de três crimes de abuso de confiança por se ter apropriado de cerca de 10 milhões de euros do Grupo Espírito Santo.
Além do processo do último aumento de capital do Banco Espírito Santo (BES), cuja pronúncia foi esta segunda-feira conhecida, Ricardo Salgado vai ser ainda julgado nos processos da Operação Marquês, do BES Angola e do BES/GES — este último tem a sua primeira sessão marcada para esta terça-feira.