O PCP na Câmara de Lisboa criticou esta quinta-feira PSD e PS por inviabilizarem a solução de acolhimento temporário de pessoas em situação de sem-abrigo no antigo Hospital Militar de Belém e defendeu a utilização deste espaço “com diversas valências”.

“A inviabilização do antigo Hospital Militar para esta finalidade, que havia sido defendida pelo PS e que agora foi decidida por Carlos Moedas [presidente da Câmara de Lisboa, do PSD], reforça a necessidade de encontrar alternativas estáveis que, até ao momento, nenhuma destas forças propôs”, afirmou a vereação do PCP, em comunicado.

No início de junho deste ano, quando foi anunciada a intenção da Câmara de Lisboa e do Governo de utilizar o antigo Hospital Militar de Belém para acolher temporariamente pessoas em situação de sem-abrigo, o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, Jorge Marques (PS), recordou “o compromisso” do município de construir um centro intergeracional nesse espaço, opondo-se à eventualidade de o local ser escolhido para acolher imigrantes.

A posição dos comunistas surge na sequência da informação prestada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro (PSD), numa audição na quarta-feira na Assembleia da República, onde informou que a Câmara de Lisboa “deixou de ter interesse” em utilizar o antigo Hospital Militar de Belém, na freguesia da Ajuda, para acolhimento de pessoas em situação de sem-abrigo, em particular imigrantes que estavam a viver em tendas junto à Igreja dos Anjos, em Arroios.

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Esta manhã, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, afirmou que os migrantes retirados da Igreja dos Anjos precisavam de uma ajuda imediata, pelo que o município desistiu de os instalar no Hospital Militar de Belém para os acolher em diferentes pensões e ‘hostels’.

“Essa solução [para as pessoas em situação de sem-abrigo acantonadas há meses em tendas junto à Igreja dos Anjos] foi encontrada, ela precisava de ser imediata” e a solução do Hospital Militar de Belém “não era imediata”, justificou Carlos Moedas.

Criticando o recuo da câmara, sob liderança de PSD/CDS-PP, quanto à utilização do antigo Hospital Militar de Belém, a vereação do PCP sublinhou que “o aumento da capacidade de acolhimento de pessoas em situação de sem-abrigo é uma necessidade identificada no plano municipal de apoio a pessoas nesta situação, recentemente aprovado”.

“O alojamento temporário de parte das pessoas que se encontravam junto à Igreja dos Anjos, como o próprio presidente da CML reconhece, foi uma solução de emergência, que não garante, por si só, a resposta às necessidades identificadas no referido plano municipal, ao nível de centros de acolhimento”, expôs o PCP.

Os comunistas referem ainda que nas recentes declarações do Governo “não está considerada a cedência do antigo Hospital Militar para a construção de um centro — uma reivindicação de há muito da população da freguesia da Ajuda e uma promessa feita por Carlos Moedas, não concretizada”.

Na perspetiva do PCP, as instalações do antigo Hospital Militar de Belém, “se plenamente aproveitadas e utilizadas a favor da cidade, dadas as suas características e dimensão, poderiam acolher serviços com diversas valências”, designadamente para responder à população da Ajuda, construindo um centro intergeracional e, ao mesmo tempo, para o aumento da oferta prevista no plano municipal de apoio às pessoas em situação de sem-abrigo, sem prejuízo da disponibilização de outras ofertas deste tipo noutras zonas da cidade.

“Lamentando que tanto o PSD/CDS como o PS se empenhem mais em eliminar possibilidades de resposta às necessidades da cidade do que em criar e concretizar essas possibilidades, os vereadores do PCP continuar-se-ão a bater pelas respostas de que Lisboa precisa”, reforçaram.

Em junho deste ano, Carlos Moedas apelou ao Governo para a criação, “o mais depressa possível”, de um centro de acolhimento temporário de imigrantes na capital, pedido que foi acolhido com a escolha do antigo Hospital Militar De Belém para o efeito, “por consensualização entre o Governo e a CML e com conhecimento prévio da Área Metropolitana de Lisboa”.