Aproveitando o recente Salão de Paris, a Volkswagen divulgou a sua posição em relação ao problema que mais preocupa a indústria automóvel europeia, a estratégia a adoptar em relação aos automóveis eléctricos: se contestar os acordos em vigor que condenam os motores de combustão à morte em 2035 (na ânsia de evitar investimentos avultados e maximizar lucros imediatos), ou se apoiar a regulamentação que Europa, construtores e países fizeram aprovar e respeitar os limites de emissões de CO2, para evitar o agravamento das alterações climáticas. E Martin Sander, responsável máximo pelas Vendas e Marketing da marca alemã, garantiu que a VW não tem dúvidas que “no futuro todos os carros serão eléctricos”.

Dos fabricantes alemães, a VW foi quem mais investiu na mobilidade eléctrica, concebendo arquitecturas específicas para esta tecnologia e adaptando fábricas antigas às necessidades das novas plataformas, de forma a explorar todo o seu potencial. Além de projectar várias fábricas de baterias, algumas das quais suspensas pela polémica em torno dos modelos eléctricos criada sobretudo pelos construtores germânicos, como a BMW, que ainda não possuem plataformas dedicadas, nem fábricas específicas para estes modelos e muito menos fábricas de baterias.

“O mercado dos veículos com motores de combustão ainda é muito grande, o que nos impede de colocar um ponto final ao seu desenvolvimento”, admitiu Martin Sander, embora diga não ter dúvidas que,“mais cedo ou mais tarde, os motores a combustão vão desaparecer”. Até lá, “a VW continuará a fabricar carros com motores de combustão, enquanto houver clientes capazes de os adquirir”. Tal implica que possam ser adquiridos veículos com motores de combustão, o que termina em 2035, segundo a regulamentação actual.

Mas a declaração mais acutilante de Sander envolve os políticos europeus, especialmente os germânicos. Numa entrevista à britânica Autocar, disse que “deseja que os políticos reconheçam que o futuro é eléctrico e se comprometam a avançar neste sentido”, sendo que aqui está implicitamente a criticar o Governo alemão que, pressionado pela BMW, Mercedes e Porsche (que manda na grupo VW), leva a Alemanha a colocar tudo em causa, ela que é o principal contribuidor da União Europeia (UE). A VW entende ainda que os governos da UE devem “agir de forma a afastar dúvidas da mente dos consumidores sobre o combustível dos automóveis do futuro”. Ainda de acordo com Sander, a marca de Wolsburg já fez tudo o que é possível para fazer avançar os automóveis eléctricos, investindo milhares de milhões nesta nova tecnologia.

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