As autoridades israelitas detiveram 14 pessoas por suspeitas de espionagem para o Irão, naquilo que descrevem como “um dos casos mais severos que alguma vez investigaram”. Os suspeitos passaram dois anos a recolher informações sobre bases e oficiais militares israelitas, que transmitiram aos serviços secretos de Teerão, tendo sido acusados de “ajudar o inimigo em tempo de guerra”. Tinham ainda planos para assassinar um oficial das Forças de Defesa de Israel (IDF) e o seu filho, um cientista e um autarca, relata o Haaretz.

Esta operação incluiu o desmantelamento de duas células diferentes, com modos de operar semelhantes. Na segunda-feira, foram detidos sete cidadãos israelitas, emigrantes do Azerbaijão e residentes em Haifa e noutras cidades no norte de Israel. Esse grupo incluía dois menores, de 16 e 17 anos. Os segundos sete detidos são palestinianos, residentes em Jerusalém, com idades compreendidas entre os 19 e os 23 anos e sem qualquer registo criminal. Seis deles também têm cidadania israelita e o último é um residente permanente. Em ambos os grupos, um homem foi contactado por um intermediário e ficou responsável por recrutar os restantes seis membros.

Os sete israelitas, detidos na segunda-feira, são acusados de ter levado a cabo entre 600 e 700 missões para o Irão ao longo de dois anos, sob orientação de dois agentes dos serviços secretos iranianos. As missões incluíam seguir e recolher informações sobre comandantes das IDF, assim como bases e outras infraestruturas militares. Os suspeitos tinham ainda planos para matar um comandante da Força Aérea e o seu filho, que foram detetados pelos serviços de segurança israelitas, as Shin Bet, e partilhados com a polícia israelita, adianta o jornal. Três dos homens foram detidos enquanto fotografavam instalações estratégicas no sul de Israel.

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As bases militares que estavam sob vigilância iraniana incluíam as que foram visadas pelo ataque de Teerão em abril, presumivelmente para “analisar a extensão dos danos causados”. Os cidadãos israelitas recebiam pagamentos de milhares de dólares por estas tarefas, dinheiro que recebiam através de turistas russos, que trabalhavam como intermediários, ou de forma digital. O chefe da polícia local adiantou que completavam cerca de quatro missões por dia e estavam “viciados no dinheiro” que ganhavam ao completar essas tarefas.

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As atividades da segunda célula eram semelhantes. Para além de tirarem fotografias a locais definidos pelos agentes iranianos, a troco de dinheiro, as autoridades encontraram dois planos de assassinato: um visava um cientista nuclear israelita e outro “o autarca de uma grande cidade no centro de Israel”. Noutra missão, que nunca foi completada, um dos homens foi encarregado de atirar uma granada contra um agente dos serviços de segurança israelitas, relata o Times of Israel.

A detenção destas 14 pessoas é o quinto caso de espionagem para o Irão intercetado pelas Shin Bet este mês. “É um evento extraordinário em todas as medidas. Nenhuma outra célula terrorista operou de forma tão sistemática e consistente durante um período tão longo. Isto é muito sério e profundamente preocupante”, afirmou um agente da polícia citado pelo Haaretz.