Expulsão de diplomatas, encerramento de consulados e aumento das tensões — as relações entre a Rússia e a Polónia parecem estar a enfraquecer depois de alegadas tentativas de “sabotagem russa” em território polaco, que levaram a ameaças de deportação e corte de relações diplomáticas.

Na passada terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Polónia anunciou o encerramento do consulado russo em Poznań por suspeitas de sabotagem. Radosław Sikorski, o ministro com a pasta diplomática, adiantou que houve “operações, ciberataques e uma desestabilização da fronteira com a Bielorrúsia”, tudo pelas mãos de Moscovo.

O papel da Polónia enquanto centro de transporte de provisões militares para a Ucrânia terá sido o que tornou o país num alvo de espionagem russa, de acordo com a Reuters. Mais concretamente, avança a agência de notícias britânica, a decisão que levou ao fecho do consulado foi o caso de um cidadão ucraniano, que foi acusado de planear incendiar uma fábrica de tinta na cidade de Wrocław. “O tribunal encontrou provas fortes de tentativas de sabotagem e que quem estava ao comando eram os serviços secretos russos”, afirmou Sikorski.

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Com isto, foi tomada a decisão de deportar dez funcionários de volta para a Rússia, segundo a agência de notícias estatal russa TASS. Entre eles estão três diplomatas, cinco funcionários administrativos e ainda dois à espera de acreditações. O gabinete de imprensa do Ministério polaco dos Negócios Estrangeiros deixou bem claro: “Em caso de reincidência destes acontecimentos, a Polónia tem o direito de tomar medidas decisivas”. Sikorski adiantou, “se expulsarmos o embaixador, então eles vão fazer a mesma coisa”, mas é uma ideia que o chefe da diplomacia polaca não descarta, caso a sabotagem russa continue.

Maria Zakharova, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, questionada sobre a decisão polaca pela agência TASS, deu uma resposta extremamente breve, mas muito clara: “Diplomatas polacos, preparem-se”.

Texto editado por Dulce Neto