De forma algo inesperada, a Liga Europa tem sido a verdadeira nuvem negra do arranque de temporada do FC Porto. Os dragões conquistaram a Supertaça, levam sete vitórias em oito jornadas no Campeonato e já seguiram em frente na Taça de Portugal; pelo meio, perderam com o Bodø/Glimt na Noruega e empataram com o Manchester United no Dragão, somando um escasso ponto na competição europeia.

E se é certo que o empate contra os ingleses não é propriamente uma má notícia, a derrota inicial na Escandinávia colocou desde logo muitas reticências a uma ideia que surgiu a partir do momento em que o FC Porto soube que não ia à Liga dos Campeões e tinha caído para a Liga Europa: o alegado favoritismo na corrida a uma eventual conquista daquela que é a segunda maior competição europeia.

Ficha de jogo

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FC Porto-Hoffenheim, 2-0

Fase de liga da Liga Europa

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Damian Sylwestrzak (Polónia)

FC Porto: Diogo Costa, Martim Fernandes, Nehuén Pérez, Tiago Djaló (Zé Pedro, 84′), Francisco Moura, Iván Jaime (Fábio Vieira, 60′), Alan Varela, Nico González, Galeno, Pepê (Danny Namaso, 90+2′), Samu (Gonçalo Borges, 90+2′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Stephen Eustáquio, Grujic, Vasco Sousa, André Franco, Fran Navarro, João Mário, Rodrigo Mora

Treinador: Vítor Bruno

Hoffenheim: Oliver Baumann, Anton Stach, Stanley Nsoki, Arthur Chaves (Tim Drexler, 79′), Alexander Prass (David Jurásek, 84′), Tom Bischof, Florian Grillitsch (Umut Tohumcu, 70′), Valentin Gendrey, Jacob Bruun Larsen (Mërgim Berisha, 70′), Kramaric, Adam Hlozek (Haris Tabakovic, 70′)

Suplentes não utilizados: Luca Philipp, Robin Hranác, Diadié Samassékou, Kevin Akpoguma

Treinador: Pellegrino Matarazzo

Golos: Tiago Djaló (45+2′), Samu (75′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Stanley Nsoki (45′), a Nehuén Pérez (54′), a Alan Varela (77′), a Nico González (83′)

Numa semana que teve eliminatória da Taça de Portugal, onde os dragões eliminaram o Sintrense, o FC Porto voltava a procurar a primeira vitória na Liga Europa e recebia os alemães do Hoffenheim no Dragão. E Vítor Bruno, apesar do ponto único conquistado em duas jornadas europeias, garantia que não existia pressão adicional. “Temos de atacar o jogo, não há jogos de vida ou de morte. Gosto de que os jogadores disfrutem do jogo, com bravura, retratando o que são os valores do FC Porto. A única coisa que lhes peço é compromisso, bravura, é nisso que tenho tolerância zero. Somos favoritos a levar o jogo para onde queremos. Somos candidatos, sim, mas favoritos não somos a nada. Somos candidatos a ganhar o jogo, com grande sentido de responsabilidade”, explicou o treinador português.

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Ora, neste contexto, Vítor Bruno mantinha a titularidade de Tiago Djaló no eixo defensivo, sendo que o central já tinha sido titular contra o Sintrense. Martim Fernandes e Iván Jaime eram as principais novidades do onze inicial dos dragões, em detrimento de João Mário e Eustáquio, e Pepê e Galeno surgiam naturalmente no apoio a Samu. Do outro lado, num Hoffenheim que tinha empatado com o Midtjylland e vencido o Dínamo Kiev nas outras duas jornadas, Pellegrino Matarazzo tinha Bruun Larsen, Kramaric e Hlozek no ataque, sendo que David Jurásek, emprestado pelo Benfica aos alemães, começava no banco.

O FC Porto começou o jogo com mais bola, muito inserido no meio-campo contrário e a encaixar na estratégia do Hoffenheim, que parecia querer oferecer a iniciativa ao adversário para depois explorar o ataque em transição e com maior velocidade. Ainda assim, o primeiro lance mais perigoso pertenceu mesmo aos alemães, com Bruun Larsen a cabecear ao lado na sequência de um canto (12′) depois de já ter rematado contra Nehuén Pérez no lance anterior, e o momento pareceu desbloquear um novo capítulo da primeira parte.

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O Hoffenheim tinha a estratégia bem montada e conseguia soltar-se bem da pressão adversária na zona do meio-campo. A equipa de Pellegrino Matarazzo trocava a bola com muita paciência no setor intermédio até encontrar espaço para entregar as decisões ao talentoso Alexander Prass, que desequilibrava no corredor esquerdo e encontrava soluções para construir finalizações. Um dinâmica que podia ter dado golo ainda dentro dos 20 minutos iniciais, quando Kramaric apareceu a rematar de primeira na área, mas ao lado (19′).

Os dragões tinham alguma dificuldade para superar a boa organização defensiva dos alemães, escasseando as oportunidades de golo. Iván Jaime atirou à malha lateral (20′) e Pepê rematou cruzado na área para defesa de Baumann depois de um livre estudado (28′), mas só a partir da meia-hora é que a equipa de Vítor Bruno conseguiu encostar o Hoffenheim às cordas, passando vários minutos dentro da área contrária com consequentes momentos de finalização. Pelo meio, do outro lado, Hlozek mostrou que podia fazer a diferença em segundos e passou por vários adversários até rematar por cima na cara de Diogo Costa (44′).

O momento da primeira parte, porém, apareceu já nos descontos. Na sequência de um livre batido na esquerda do ataque dos dragões, Nico González ganhou nas alturas ao segundo poste e a bola sobrou para Tiago Djaló, que controlou e atirou forte e rasteiro para bater Baumann e abrir o marcador (45+2′). O central português marcou pelo segundo jogo consecutivo, já que também tinha contribuído para a vitória contra o Sintrense, e o FC Porto foi para o intervalo a vencer o Hoffenheim no Dragão.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Hoffenheim começou a segunda parte claramente à procura do empate, arrancando com uma pressão muito alta para tentar conquistar recuperações de bola em zona adiantada. A estratégia, porém, oferecia muito espaço ao FC Porto, que explorava a transição rápida e a velocidade de Samu para chegar perto da baliza de Baumann.

Vítor Bruno foi o primeiro a mexer, à passagem da hora de jogo, e lançou Fábio Vieira para tirar Iván Jaime numa altura em que o FC Porto não tinha grande iniciativa, com o jovem Tom Bischof a evidenciar-se como o verdadeiro playmaker dos alemães. Pellegrino Matarazzo fez as primeiras substituições a cerca de 20 minutos do fim, colocando Tabakovic, Tohumcu e Berisha de uma vez, e a partida foi progressivamente entrando numa fase mais lenta e incaracterística em que o Hoffenheim tinha mais bola, mas de forma constantemente inconsequente.

Até que o FC Porto conseguiu mesmo capitalizar as transições rápidas. Passe longo para a frente, Samu ganhou na linha do meio-campo e arrancou em velocidade até à grande área; aí, esperou pelo defesa, tirou-o da frente e atirou rasteiro para o poste mais próximo para aumentar a vantagem (75′). Pellegrino Matarazzo ainda trocou Arthur Chaves por Tim Drexler, Vítor Bruno ainda lançou Zé Pedro por problemas físicos de Tiago Djaló, assim como Gonçalo Borges e Danny Namaso nos descontos, mas já nada mudou até ao fim.

O FC Porto venceu mesmo o Hoffenheim no Dragão e somou o primeiro triunfo na Liga Europa, terminando a terceira jornada com quatro pontos e dentro da zona que dá acesso ao playoff. Tiago Djaló voltou a ser titular e voltou a marcar e mostrou que, depois de chegar como reforço favorito à titularidade, teve de passar pela fase de candidato para ser mesmo eleito. Tal como a equipa de Vítor Bruno quer fazer nas competições europeias.