A presidente da região espanhola da Extremadura, María Guardiola, pediu esta sexta-feira ao primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, para “ser muito contundente na exigência” a Portugal para haver comboio de alta velocidade entre Lisboa e Madrid em 2030.
“Penso que Espanha tem de ser muito contundente na exigência de que se cumpra a data de 2030, que é, além disso, também o que pede a Europa”, disse María Guardiola, numa conferência de imprensa em Madrid, após um encontro com Sànchez.
Guardiola sublinhou que na cimeira luso-espanhola de Faro, esta semana, Sánchez manifestou a intenção de concluir a ligação Lisboa-Madrid (via Badajoz, na Extremadura) em 2030, mas o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, não corroborou esse compromisso.
Segundo a presidente do governo regional da Extremadura (Junta da Extremadura), o compromisso de Portugal é só concluir a linha Lisboa-Madrid em 2034.
María Guardiola, que é do Partido Popular (PP, direita), reconheceu ter ouvido “boas palavras” por parte do socialista Pedro Sánchez, mas realçou que da cimeira de Faro e da reunião que teve esta sexta-feira em Madrid não sairíam “compromissos nenhuns”.
A presidente da Junta da Extremadura reiterou as queixas que repetidamente fazem as autoridades e diversos setores desta região espanhola, independentemente da cor política, de que há um “défice de infraestruturas histórico”, com uma falta de investimento do Estado central que “travou o desenvolvimento e a convergência” com o resto das comunidades autónomas do país.
O caso dos comboios na Extremadura, num país que tem a segunda maior rede de alta velocidade do mundo a seguir à China, é um dos que mais ilustra esta queixa da região e é reiteradamente apontado.
São “décadas de anúncios de todos os governos de investimentos nunca materializados e prazos nunca cumpridos“, sublinhou María Guardiola, que afirmou que a Extremadura “espera infraestruturas que outras regiões [de Espanha] têm há mais de 30 anos”.
“Hoje pedi ao presidente [do Governo] Sánchez dignidade ferroviária para a Extremadura e que o AVE [alta velocidade] seja uma realidade”, acrescentou, antes de dizer que a região, assim como Portugal e Espanha, não podem esperar por 2034 pela ligação das duas capitais ibéricas.
“Mas, vemos que o assunto, apesar de ser estratégico, não conta com certezas”, lamentou, lembrando que a promessa inicial era de haver alta velocidade ferroviária na região e entre Lisboa e MAdrid (via Badajoz) em 2010.
Na cimeira de Faro, na quarta-feira, Sánchez afirmou que “o compromisso do Governo espanhol em relação ao AVE Madrid-Lisboa é 2030”.
“Insisto, é o compromisso do Governo de Espanha e é o horizonte em que estamos a trabalhar”, disse, na conferência de imprensa final da cimeira ibérica.
Sánchez acrescentou que, quanto à ligação de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo, “o compromisso do Governo de Espanha”, que partilha com o executivo português, “é o ano de 2032”.
Já Luís Montenegro, na mesma conferência de imprensa, disse que a prioridade do executivo português “é a ligação Lisboa-Porto-Vigo-Madrid” e que já foi adjudicado o primeiro troço.
O primeiro-ministro português acrescentou que “a segunda prioridade é a ligação Lisboa-Madrid via Évora-Badajoz” e, neste caso, “há um primeiro troço que já está no terreno”, havendo “a necessidade agora de conciliar a terceira travessia sobre o rio Tejo em Lisboa, com a construção da ligação em Évora com a alta velocidade”, num “processo que corre em simultâneo com o processo de construção do novo aeroporto de Lisboa”.
“Estamos a trabalhar os dois governos para tentarmos conjugar os calendários de obra de uma e de outra ligação, para se poderem executar no mais curto espaço de tempo”, acrescentou o primeiro-ministro português, que nunca referiu datas.