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A Polícia de Segurança Pública (PSP) registou, nas últimas 24 horas, um total de 18 ocorrências de incêndio em mobiliário urbano, maioritariamente caixotes do lixo, na Área Metropolitana de Lisboa, assim como duas viaturas policiais e um autocarro apedrejados.

Em comunicado divulgado esta sexta-feira, a PSP informou que as 18 ocorrências de incêndio em mobiliário urbano na Área Metropolitana de Lisboa (AML) foram registadas nos concelhos de Almada, Amadora, Seixal, Setúbal e Sintra, referindo que houve ainda um ecoponto incendiado na cidade de Leiria.

Ao contrário de anteriores balanços, a polícia não deu nota de pessoas detidas ou identificadas neste âmbito.

Neste ponto de situação relativo aos incidentes de desordem pública que se têm vindo a registar desde a morte de um homem baleado pela PSP na madrugada de segunda-feira, a polícia indicou que, além das ocorrências de incêndio em mobiliário urbano, nas últimas 24 horas houve “duas viaturas policiais apedrejadas, um autocarro apedrejado, dois rebentamentos de petardos, arremesso de um engenho pirotécnico para o interior de uma esquadra da PSP e outros atos de vandalismo, designadamente graffiti”.

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“Dizem que não vão parar até matarem um polícia.” A segunda noite de violência nas ruas do Bairro do Zambujal

Neste âmbito, a PSP reforçou o alerta de que todas as partilhas nas redes sociais a incitar ao ódio e à violência “são situações que configuram ilícitos criminais e estão a ser recolhidas e preservadas no sentido de serem comunicadas ao Ministério Público, pelo que quem cometer atos desta natureza poderá ser responsabilizado criminalmente”.

O anterior ponto de situação da PSP, relativo à noite de quarta-feira para quinta-feira, informava sobre a detenção de 13 suspeitos da prática de crimes, designadamente por roubo (quatro), ofensa à integridade física qualificada (quatro), posse de engenhos explosivos e armas proibidas (três), tentativa de fogo posto (um) e acionamento de extintor e dano contra viatura da PSP (um), assim como a identificação de 18 suspeitos por motivos diversos.

Nesse balanço, a PSP indicava ainda que tinham sido registadas 45 ocorrências de incêndio em mobiliário urbano na Grande Lisboa e outras situações, nomeadamente uma viatura policial danificada, dois autocarros incendiados, oito veículos ligeiros de passageiros incendiados, um motociclo incendiado, três cidadãos feridos, um deles com gravidade — motorista de um dos autocarros –, e inúmeros caixotes de lixo incendiados.

Reiterando que a sua missão é garantir a segurança e ordem pública e o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, a PSP sublinhou que “está empenhada em manter a ordem, paz e tranquilidade públicas, em todo o território nacional, designadamente na Área Metropolitana de Lisboa”.

“A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade”, frisou.

A polícia considerou ainda que “estes grupos criminosos têm revelado uma falta de respeito pela vida humana, sendo, uma vez mais, evidente a prática de crimes violentos contra a integridade física”, dando como exemplo “o caso lamentável” em que um motorista de um autocarro de transportes públicos sofreu ferimentos muito graves.

“A PSP tudo fará para, em coordenação com as outras forças e serviços de segurança, levar à justiça os suspeitos de todos os crimes que têm sido praticados nos últimos dias”, assegurou esta polícia, salientando que continuará dedicada à segurança dos portugueses e de todos os cidadãos que escolhem Portugal para viver e para o visitar, e apelando a todos que mantenham a calma, a tranquilidade e a confiança na PSP.

Cova da Moura. A história da morte de Odair contada por quem estava à janela

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.