O Hezbollah, o grupo xiita libanês apoiado pelo Irão, declarou ter escolhido Naim Qassem para substituir o seu antigo líder, Hassan Nasrallah, morto num ataque aéreo israelita no mês passado.

Em comunicado, o Hezbollah afirma que Qassem, 71 anos, foi escolhido para o cargo de secretário-geral do movimento político e armado devido à sua “adesão aos princípios e objetivos do Hezbollah”. Antigo adjunto de Nasrallah, Qassem tem sido o líder interino do Hezbollah desde a morte de Nasrallah, a 27 de setembro. Hassan Nasrallah, histórico líder da organização Hezbollah e um de seus fundadores, foi assassinado pelo exército israelita juntamente com Ali Karki, comandante da Frente Sul do Hezbollah, e outros comandantes do Hezbollah.

Quem é Naim Qassem?

Nascido em 1953 em Beirute, no Líbano, Qassem é uma figura de topo do Hezbollah desde a sua formação, há mais de 30 anos, escreve o The New York Times. Mas o ativismo político começou ainda antes, no Movimento Libanês Xiita Amal, que viria a abandonar em 1979, na sequência da Revolução Islâmica do Irão, para fundar o Hezbollah no início da década de 1980, nota a Aljazeera.

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Qassem, de 71 anos, tem sido frequentemente referido como o “número dois” do Hezbollah. Em 1991, durante o mandato do anterior secretário-geral, Abbas al-Musawi, foi nomeado vice. Com a morte de al-Musawi, um ano depois, Nasrallah foi elevado à posição cimeira e Qassem permaneceu como adjunto.

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Foi o mais alto responsável do Hezbollah a continuar a fazer aparições públicas depois de Nasrallah se ter escondido na sequência da guerra do grupo contra Israel em 2006. No entanto, “é considerado por muitos no Líbano como não tendo o carisma e popularidade de Nasrallah”, aponta a agência Reuters.

Como Nasrallah tornou o Hezbollah um dos maiores inimigos de Israel e semeou o caos no Líbano

O primeiro a dar a cara após a morte de Nasrallah

Qassem foi o primeiro membro da cúpula do Hezbollah a fazer declarações na televisão após a morte de Nasrallah no mês passado. Na altura, afirmou que o Hezbollah escolheria um sucessor para o líder assassinado “na primeira oportunidade” e que continuaria a lutar contra Israel em solidariedade com os palestinianos. “O que estamos a fazer é o mínimo… Sabemos que a batalha pode ser longa”, disse, num discurso de 19 minutos.

Este mês, Qassem afirmou que o grupo apoiava os esforços do presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, para garantir um cessar-fogo no país. No passsado dia 20, a comunicação social deu conta que o então vice líder do Hezbollah fugira do Líbano num avião iraniano e que estava desde o início do mês em Teerão, no Irão, por “receios de assassínio por Israel”.

As tensões entre o Hezbollah e Israel escalaram ao longo das últimas semanas, com ataques israelitas a causarem mortes junto das estruturas de chefia do grupo libanês, mas também de civis.