A situação de João Conceição enquanto administrador executivo da REN (Redes Energéticas Nacionais) após ter sido um dos alvos da acusação do caso EDP será apreciada pela comissão de ética da própria empresa. O administrador com o pelouro operacional da REN foi acusado de um crime de corrupção passiva por atos cometidos enquanto era assessor do gabinete do ministro da Economia, Manuel Pinho. E informou a REN dessa acusação.
É na sequência dessa informação que o caso vai ser avaliado pela comissão de ética, presidida pelo advogado José Luís Arnaut, e pelo governo societário da empresa gestora das redes.
Segundo o Ministério Público, os atos que levaram à acusação foram cometidos em concertação com outros protagonistas com o intuito de beneficiar a EDP em vários contratos, tendo no caso de João Conceição tido como uma das contrapartidas a sua nomeação para a administração da REN em 2009.
João Conceição foi constituído arguido em 2017, tendo visto os seus mandatos na administração da REN renovados por duas vezes desde então. O atual termina em 2026. A REN é uma empresa privada, tendo como principal acionista a State Grid (empresa chinesa) e o empresário espanhol dono da Zara.
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A REN é a primeira empresa cotada a reagir à acusação do Ministério Público que envolve ainda o atual presidente executivo da Greenvolt, João Manso Neto (à data administrador da EDP) e a própria EDP a quem o Ministério Público exige a devolução dos ganhos obtidos de forma ilícita.
EDP não foi notificada e reafirma ausência de qualquer irregularidade
Pouco depois foi a vez da EDP fazer um comunicado onde esclarece que não recebeu, até ao momento, qualquer notificação por parte do Ministério Público ou de outra autoridade judicial sobre este processo, não sendo arguida no mesmo”.
A empresa diz estar “convicta da correção da sua atuação e reafirma a ausência de qualquer irregularidade relativamente ao processo a que a referida nota alude, de transição dos CAE (contratos de aquisição de energia para os CMEC (custos de manutenção do equilíbrio contratual), processo este amplamente escrutinado por diversas instituições nacionais e supra-nacionais”.
A elétrica lembra que tem vindo a prestar informação sobre os processos nas suas contas e diz que o vai continuar a fazer sempre que surgirem informações necessárias em função de eventuais desenvolvimentos relevantes que venham a ocorrer.