Numa semana que fica marcada pela aprovação da recomendação do Chega para despejar pessoas condenadas por crimes de casas municipais, em Loures, Paulo Rangel considera que os assuntos não devem ser misturados, ainda que concorde com a existência de regulamentos para o uso de casas sociais.

Em entrevista à SIC, no programa Facto Político, o ministro dos Negócios Estrangeiros foi questionado sobre a recomendação do Chega que foi aprovada por PS e PSD e sublinhou que a “questão está mal posta”. “É evidente que tem de haver regulamentos para o uso de casas sociais”, começou por esclarecer, argumentando que os dois assuntos não devem ser colocados lado a lado.

“Não devemos misturar esse assunto com outro, o que não quer dizer que não haja regras para que as pessoas que usam casas que são pagas pelo Estado e pelos impostos de todos, para garantir o direito à habitação, não tenham de cuidar dessas casas, não danificar as outras…”, disse, fugindo à questão sobre se quem incendeia autocarros devem ter acesso a residências municipais. “Misturar outro assunto com este não me parece conveniente nem justo”, rematou.

Antes tinha sublinhado que não se pode aceitar que “haja carros a arder, um motorista de um autocarro que fica [ferido], e que se instale uma perceção de insegurança, mesmo que não seja real, porque também vai afetar economia, turismo, não apenas os direitos individuais”.

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“A preocupação de segurança não é de direita nem de esquerda”, realçou o ministro dos Negócios Estrangeiros, frisando que é algo que está na Constituição e deve ser respeitado.

Loures. PS e PSD aprovaram recomendação do Chega para despejar de casas municipais quem comete crimes

“Dos ministros não se exige que sejam grandes comunicadores”

Questionado sobre a possibilidade de haver ministros ou secretários de Estado que deixem o Governo para assumir candidaturas autárquicas, Rangel considera que “não seria nenhum drama” porque “toda a vida aconteceu”, mas reiterou que essas competências são “exclusivas” do primeiro-ministro.

Recusou também dizer se as autárquicas podem ou não servir de uma espécie de limpeza em casos de erros de casting e defendeu a ministra Margarida Blasco, que tem sido duramente criticada relativamente à forma como comunica, ao garantir que os ministros não têm como exigências serem “grandes comunicadores”.

Rangel lembrou o trabalho com a ministra da Administração Interna em várias ocasiões e concluiu: “Considero-a uma ministra extraordinária e uma grande conhecedora do setor, com grande sentido de equilíbrio, em verdadeira modernização.” E prosseguiu para defender a colega de Executivo: “Dos ministros não se exige que sejam grandes comunicadores. Exige-se que comuniquem bem, não que sejam grandes comunicadores.”