Elise Stefanik, a nova embaixadora dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, destaca-se pelas suas posições contra a ONU e a favor de Israel e da Ucrânia. Ou pelo menos destacava-se, uma vez que a ex-congressista recusou repetir declarações de 2022, em que apoiava a adesão da Ucrânia à NATO, depois de ter sido questionada pela CNN.
“A presidente [do partido republicano] Stefanik apoia totalmente a política de paz através da força do Presidente Trump e vai seguir a sua liderança como Comandante-em-Chefe das melhores práticas para acabar a guerra na Ucrânia”, afirmou a sua diretora de comunicação, numa breve resposta ao canal norte-americano.
Ora, a política de Donald Trump para o fim da guerra na Ucrânia não é clara. O Presidente eleito repetiu ao longo da campanha que iria pôr fim à guerra “em 24 horas”, mas sempre deu a entender que Kiev é que devia estar disposto a fazer concessões. Além disso, Trump sempre manteve uma postura próxima do Presidente Vladimir Putin, tendo afirmado várias vezes que têm “uma ótima relação”.
Stefanik, pelo contrário, afirmou-se como uma defensora de Kiev dentro do Capitólio. “Eu vejo o quão importante a Ucrânia é para a região. Têm de ser aceites na NATO e temos de fazer tudo o que pudermos para lhe entregar munições”, disse logo após a invasão russa, em 2022, numa entrevista ao canal WWNY. A republicana foi ainda mais longe e classificou a ofensiva russa como “genocídio” e Putin como “um criminoso de guerra”.
Stefanik foi uma de quase 400 representantes norte-americanos vítimas de sanções impostas pelo Kremlin, devido ao seu apoio à Ucrânia, “castigo” que a congressista classificou como “um distintivo de honra”, recorda a CNN. A passagem, da defesa vincada da Ucrânia ao silêncio a que se remete agora, é significativa.
Mas a mudança de posição não é totalmente inesperada e segue uma tendência na opinião pública que a imprensa norte-americana tem vindo a destacar: os Estados Unidos estão mais interessados em resolver problemas domésticos do que em decisões de política externa, principalmente quando estas custam muitos milhões. Isso mesmo fica provado pela sua direção de voto de Stefanik relativa a um pacote de 60 mil milhões de dólares para a Ucrânia, em abril deste ano. Votou contra, afirmando que era demasiado dinheiro, que poderia ser investido na “crise da fronteira”.