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No milésimo dia de guerra na Ucrânia, o embaixador da Rússia em Portugal afirma que “é lamentável que este tema seja coberto parcialmente” na imprensa portuguesa, “de maneira russófoba e sem pontos de vista alternativos”. Para além disso, acusa o Ocidente de tomar “decisões irresponsáveis” que irão conduzir ao início da “terceira guerra mundial”.

Numa publicação na página da embaixada no Facebook, Mikhail Kamynin, que está em Portugal desde 2018, contextualiza as suas críticas aos meios de comunicação nacionais com uma menção àquelas que considera serem as três principais razões que levaram ao início do conflito. Refere o golpe de Estado “antidemocrático” de 2014, a política “discriminatória praticada pelos nazistas que tinham usurpado o poder contra as populações do Donbass e da Novorossiya”, e ainda o apoio militar prestado pelos membros da NATO à Ucrânia.

“Há dois anos era possível encontrar uma solução diplomática para a crise, mas o Ocidente coletivo, que apostou na ‘derrota estratégica’ da Rússia no campo de batalha, fez descarrilar o processo de paz”. O embaixador realça os esforços diplomáticos do Kremlin para atingir uma resolução do conflito, mencionando as negociações em Istambul e Minsk, que indica terem sido utilizados pelo Ocidente “como cobertura para reforçar as capacidades militares da Ucrânia”.

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Apesar da abertura de Vladimir Putin às negociações com Kiev, Kamynin acusa as “elites políticas americanas e europeias” de serem “incapazes de compreender” o estado atual do conflito, que irá “abrir a porta à terceira guerra mundial”. De acordo com o diplomata, Portugal e os restantes países da UE preferem “inundar com armas letais o regime de Zelensky” ao invés de procurar mediar possíveis cenários de paz, como é o caso dos aliados russos na Turquia e na Bielorrússia.

Para o embaixador, a “luz verde” concedida aos ucranianos por Washington para poderem atingir alvos russos com mísseis de longo alcance norte-americanos, levou à “participação ocidental no conflito ao nível seguinte“, reforçando as palavras expressadas pelo chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, que indicam um envolvimento direto dos aliados no combate. Por este motivo, responsabilizam as “decisões tão irresponsáveis” das forças ocidentais pela eventual “escalada da situação na Ucrânia”.

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Mikhail Kamynin, diplomata há cerca de 46 anos, começou a sua carreira na embaixada da União Soviética no México e, com o colapso do bloco em 1991, representou a Rússia em Espanha, Cuba e Andorra. Ocupou várias pastas no Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, tanto como de porta-voz, como de vice-diretor de informação até ter sido nomeado por Vladimir Putin como “Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Federação da Rússia na República Portuguesa”.