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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou esta quarta-feira que as minas terrestres antipessoais fornecidas por Washington a Kiev, sob críticas de várias organizações não-governamentais (ONG), são “muito importantes” para travar o avanço do exército russo no leste do país.
O líder ucraniano congratulou-se com o fornecimento de uma nova parcela de ajuda militar norte-americana, que inclui minas antipessoais terrestres “muito importantes (…) para travar os ataques russos”, à medida que o exército de Moscovo avança contra as tropas ucranianas, menos numerosas e menos bem armadas.
Na terça-feira, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou a doação à Ucrânia de pelo menos 275 milhões de dólares (260 milhões de euros) em novas armas.
Várias ONG criticaram a decisão dos Estados Unidos, qualificando-a de “injustificável” e sublinhando as consequências destas armas proibidas internacionalmente para os civis, a longo prazo, apesar de se destinarem a travar o avanço russo em território ucraniano.
Enterradas ou escondidas no solo, as minas antipessoais explodem quando alguém se aproxima ou entra em contacto com elas, causando frequentemente mutilações ou mesmo a morte.
As minas “não distinguem entre soldados e civis” e continuam a explodir muito depois de terem sido colocadas, podendo afetar agricultores ou crianças, lamentou Alma Taslidzan, da ONG Handicap International, em entrevista à agência noticiosa francesa AFP.
Cerca de 164 Estados e territórios, incluindo a Ucrânia, assinaram a Convenção de Otava de 1997 sobre a proibição e eliminação das minas antipessoais, mas nem a Rússia nem os Estados Unidos ratificaram a convenção.
O exército russo tem utilizado estes explosivos “extensivamente” em território ucraniano desde a invasão em larga escala em fevereiro de 2022, com “pelo menos 13 tipos de minas antipessoais implantadas”, segundo um relatório publicado esta quarta-feira pelo Landmine Monitor.
Este último abastecimento de material militar ocorre numa altura em que as preocupações sobre o agravamento do conflito têm aumentado.
No passado fim de semana, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, concedeu à Ucrânia autorização para disparar mísseis de longo alcance de fabrico norte-americano contra a Rússia, à qual, o Presidente russo, Vladimir Putin, reagiu com o alargamento da doutrina russa sobre o uso de armas nucleares.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 — após a desagregação da antiga União Soviética — e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.