O Serviço Nacional de Saúde terá até final do ano os primeiros farmacêuticos com competência em oncologia, uma diferenciação que, segundo o bastonário, vai permitir melhor gestão da inovação terapêutica e acompanhamento dos doentes oncológicos.

Em declarações à Lusa, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Helder Mota Filipe, explicou que o exame de primeira época está marcado para dezembro e contará com duas dezenas de farmacêuticos que já têm experiência de acompanhamento nesta área.

“A profissão evolui, a ciência e a intervenção clínica vão evoluindo e a área da oncologia é uma das áreas com maior inovação e, portanto, é importante que se criem mecanismos de diferenciação”, considerou o bastonário, lembrando que essa diferenciação permite “gerir melhor toda a inovação terapêutica e a boa utilização dos medicamentos”.

A competência em oncologia tem uma formação teórica, certificada pela OF, e outra prática, em ambiente clínico. Segundo o responsável, há abertura dos hospitais públicos para acolher no futuro também farmacêuticos comunitários que queiram ter esta competência.

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“Tem havido abertura, de acordo com os nossos contactos com as instituições hospitalares, para receber os colegas que estão em fase de formação para a competência em oncologia. Tem sido uma noticia positiva”, considerou.

Helder Mota Filipe disse ainda que a OF está a trabalhar com várias instituições para desenvolver ensino clínico simulado: “uma vez validada, tem as mesmas funções da formação em ambiente clínico”, garante.

A OF está ainda a trabalhar noutras competências, como a saúde pública, a medicina farmacêutica e a investigação clínica, para “criar massa crítica diferenciada em áreas que são fundamentais para manter a classe atualizada e com um elevado grau de qualidade de prestação”.

Os farmacêuticos reúnem-se a partir de sexta-feira num congresso, em Lisboa, que pretende debater os desafios do acesso à inovação terapêutica e a sustentabilidade dos serviços de saúde.

Sob a abordagem “One Health” (uma só saúde), vão ser analisados os mais recentes avanços técnicos e científicos no combate às resistências antimicrobianas, na área da oncologia, nas tecnologias RNA e mRNA, Inteligência Artificial ou nas plataformas e tratamento de dados de saúde, entre outras, abrindo perspetivas sobre o futuro da profissão e das Ciências Farmacêuticas.

Em análise vão estar também os novos serviços farmacêuticos disponibilizados à população, como a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade, a renovação da terapêutica crónica, a dispensa da profilaxia pré-exposição ao VIH/sida ou a intervenção em situações clínicas ligeiras.

O congresso, que decorre em Lisboa, tem ainda de um espaço para a apresentação de trabalhos e projetos de investigação realizados por farmacêuticos.