Com o regresso de Donald Trump à Casa Branca associado a uma desvinculação do apoio militar outrora prestado à Ucrânia, os líderes deste lado do Atlântico começaram a equacionar a criação de um contingente militar europeu para auxiliar Kiev no combate contra a Rússia, de acordo com fontes próximas do assunto citadas pelo jornal francês Le Monde.
O debate começou numa conversa entre os vários aliados da Ucrânia em Paris, com o Presidente anfitrião a lançar o tema para cima da mesa no início deste ano. Apesar de ter recebido uma considerável oposição protagonizada pela Alemanha, também Keir Starmer terá voltado a dar atenção ao tópico. O britânico e Macron parecem mesmo admitir a possibilidade de se criar um criar “um núcleo duro de aliados na Europa, centrado na Ucrânia e na segurança europeia em geral”, cita o diário francês.
“Não descartamos opções“, disse o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, numa visita a Londres na última semana. O chefe da diplomacia francesa deixou também o apelo aos restantes parceiros ocidentais para “não definirem e expressarem linhas vermelhas no seu apoio à Ucrânia”, reforçando não estar contra a ideia de enviar uma comitiva militar francesa para a frente de combate contra a Rússia.
Apesar de o destacamento de soldados franceses para a Ucrânia ainda não ter recebido “luz verde” do Palácio do Eliseu, algumas proposta já começaram a ser consideradas para ajudar Kiev de uma forma mais direta e envolvida. Neste cenário, o Conselho Internacional da Defesa (DCI, na sua sigla em francês), uma empresa francesa maioritariamente pública, começaria a operar in loco, na Ucrânia, fornecendo formação militar às forças ucranianas — algo que já pratica no próprio território como na Polónia.
Da mesma forma, o DCI terá entrado em contacto com a sua homóloga britânica, Babcock, com o objetivo de partilhar informações e até para permitir o uso das instalações francesas já estabelecidas em solo ucraniano. Segundo o Le Monde, a empresa de defesa do Reino Unido anunciou, em maio deste ano, que estavam “em curso” trabalhos para criar um local de apoio técnico na Ucrânia para a “reparação e revisão de veículos militares” e outros serviços.