Islamabade foi palco de confrontos entre as forças de segurança e milhares de apoiantes de Imran Khan, que entraram na capital paquistanesa na manhã desta terça-feira para exigir a libertação do antigo primeiro-ministro, informou a agência France-Presse (AFP).

Os manifestantes, de um lado, e a polícia e os paramilitares, do outro, foram vistos a atirar gás lacrimogéneo uns contra os outros.

As forças de segurança, que têm bloqueado todas as zonas de Islamabade desde domingo, dispararam também balas de borracha e a internet ficou inacessível em várias zonas, de acordo com a agência de notícias AFP.

Milhares de apoiantes tinham avançado na segunda-feira até às portas de Islamabade para exigir a libertação de Khan, sob granadas de gás lacrimogéneo e balas de borracha da polícia mobilizada em massa.

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As autoridades referiram que um polícia foi morto e que outros nove estão em estado crítico, sem adiantar mais pormenores sobre as circunstâncias.

Desde domingo, “mais de 20 mil membros das forças de segurança foram destacados para Islamabade e arredores”, anunciou na segunda-feira à AFP o porta-voz da polícia da capital paquistanesa, Mohammed Taqi.

Perante o risco de violência, a diplomacia norte-americana exortou, a partir de Washington, “os manifestantes a manifestarem-se pacificamente”, e ao mesmo tempo “pediu às autoridades paquistanesas que respeitem os direitos humanos e as liberdades fundamentais”.

Foram precisas mais de 48 horas para chegar às portas de Islamabade, a capital administrativa do quinto país mais populoso do mundo, onde se situam todas as instituições políticas, bem como a prisão onde Imran Khan, de 72 anos, está encarcerado.

A marcha é liderada pela mulher de Khan, Bushra Bibi, e pelo principal dirigente do Estado de Khyber Pakhtunkhwa e uma das principais figuras do partido do antigo primeiro-ministro, Ali Amin Gandapur.

O partido Paquistan Tehreek-e-Insaf (PTI, Movimento Paquistanês pela Justiça), do primeiro-ministro deposto Khan, convocou a marcha nacional, apelidada de “última oportunidade”, para exigir a libertação dos opositores presos, especialmente do líder da oposição.

O PTI exige também a devolução do que chama o seu mandato roubado nas eleições de 8 de fevereiro, alegando restrições e vetos que o impediram de formar um governo, apesar da vitória nas urnas.

O Tribunal Superior de Islamabade proibiu, na quinta-feira, o PTI de realizar a marcha, invocando medidas de segurança devido à visita de segunda-feira do Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.

A Comissão dos Direitos Humanos do Paquistão, a principal organização não-governamental que defende as liberdades no país, considera que “o bloqueio do acesso à capital, através do encerramento das principais estradas do Punjab e de Khyber-Pakhtunkhwa, penaliza os cidadãos comuns e, em particular, aqueles cujo rendimento depende da liberdade de circulação”.

Imran Khan, que esteve no poder entre 2018 e 2022, está a ser processado em vários tribunais, principalmente por casos de corrupção ou manifestações violentas por parte dos apoiantes.

Em julho, um painel de peritos da ONU descreveu a detenção de Khan como arbitrária, apelando à libertação imediata.

Os apoiantes do antigo líder mobilizaram-se maciçamente aquando da detenção, há mais de um ano, e continuam a manifestar-se regularmente.

Recentemente, dez deputados do partido de Imran Khan foram detidos e apresentados a um juiz antiterrorista, poucos dias após a aprovação de uma lei que regula as manifestações em Islamabade.