O presidente do Conselho Europeu, António Costa, descreveu o dia de hoje, domingo 1 de dezembro, como “duplamente simbólico” por ter passado na capital ucraniana o seu primeiro dia em funções, garantindo apoio à Ucrânia.
Acho que foi duplamente simbólico: primeiro, porque foi a primeira iniciativa que tivemos em conjunto – presidente do Conselho Europeu, Alta Representante e a Comissão, através da comissária do Alargamento – e, portanto, para quem tinha dúvidas, […] sim, estamos a trabalhar em conjunto”, declarou António Costa em declarações à Lusa e à CNN Portugal, que acompanharam esta deslocação a Kiev.
“Em segundo lugar, a prioridade foi, claramente, a Ucrânia […] porque a paz hoje é uma questão central na Europa para a Ucrânia e, no fundo, para todos nós”, acrescentou, após se ter encontrado com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com membros do parlamento da Ucrânia e representantes da sociedade civil.
De acordo com o novo líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), esta foi, assim, uma “visita muito impressiva”.
“Ajudou, aliás, a perceber como, quando falamos de guerra, não falamos só de armas, de tiros, mas, de facto, de dramas humanos, porque nós podemos testemunhar das vidas que se perderam de pessoas que sofreram, que estão a sofrer, e é isso que está em causa nesta guerra e é por isso que é preciso travar a guerra de agressão da Rússia e assegurar a Ucrânia o direito que tem uma paz justa e uma paz duradoura”, adiantou António Costa à Lusa e à CNN.
A posição surge no dia em que o novo presidente do Conselho Europeu chegou a Kiev para passar o primeiro dia do seu mandato, acompanhado pela chefe da diplomacia da UE, para garantir apoio à Ucrânia face à invasão russa.
Cerca das 08h00 (hora local, menos duas em Lisboa), António Costa chegou a Kiev, numa comitiva composta pela alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e a comissária europeia do Alargamento, Marta Kos, que também iniciam hoje funções no executivo comunitário.
A deslocação de alto nível à Ucrânia acontece após dias de intensos ataques russos contra infraestruturas críticas do país e quando a UE já mobilizou milhares de milhões de euros em apoio (político, humanitário, militar e financeiro) ao país desde a invasão russa em fevereiro de 2022.
Costa espera “espírito aberto e disponibilidade” de líderes da UE para negociar orçamento
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, disse ainda esperar que os líderes da União Europeia tenham “espírito aberto e disponibilidade” para negociar temas divisórios como o orçamento comunitário a longo prazo. “Há, sobretudo, um espírito aberto e disponibilidade para o diálogo e para encontrar soluções que vão ter que ser criativas e que resultarão seguramente no final num misto de diferentes ideias que têm dado a ser debatidas”, disse António Costa.
No seu primeiro dia em funções na liderança da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), que escolheu passar em Kiev para garantir apoio comunitário à Ucrânia, o responsável português indicou que existe a “emergência da guerra, mas também a urgência de combater as alterações climáticas, que não desapareceu, e a necessidade de reforçar a coesão, que não desapareceu”.
“Temos tempo para preparar [a discussão]. Eu visitei, nestes últimos dois meses, todas as capitais [da UE] e tive a oportunidade de falar cara a cara com todos os líderes e, portanto, […] venho bastante confiante porque, ao contrário do que acontecia há cinco anos, as pessoas estão todas muito conscientes da diversidade de desafios que temos pela frente”, assinalou, em declarações à Lusa e à CNN Portugal, que acompanharam esta deslocação a Kiev.
Referindo-se à negociação, em 2019, da revisão do Quadro Financeiro Plurianual até 2027, António Costa comparou: “Há cinco anos, toda a gente se fechou nas suas trincheiras, mas desta vez a dimensão do problema leva a que ninguém tenha tantas certezas e que, portanto, não haja trincheiras”.
“Como [o antigo primeiro-ministro italiano] Mário Draghi veio sublinhar, é preciso investir mais em investigação e desenvolvimento, é preciso investir mais […] em qualificação profissional, é preciso investir mais em inovação para podermos ser mais competitivos e, portanto, há um conjunto grande de desafios e toda a gente está muito consciente disso. E toda a gente também está consciente que, perante a dimensão destes desafios. é preciso fazer diferente do que se fez até agora”, adiantou.
António Costa afirmou ainda à Lusa e à CNN que, neste mandato, tem como missões “garantir a unidade entre os 27” líderes da UE, bem como “um bom funcionamento entre o conjunto das instituições” comunitárias.