A Polícia de Segurança Pública (PSP) está a identificar os organizadores e participantes da manifestação dos bombeiros sapadores que decorreu na manhã desta terça-feira em Lisboa e vai enviar essa informação para o Ministério Público, confirmou aquela força policial em comunicado enviado aos meios de comunicação social.

De acordo com a nota da PSP, a manifestação dos bombeiros sapadores, que ficou marcada por alguns momentos de maior tensão e pelo recurso a tochas e petardos, não só não foi previamente comunicada às autoridades, como determina a lei, como também acabaria por fugir ao controlo da polícia quando os bombeiros furaram o cordão de segurança.

A PSP explica que a manifestação teve origem esta terça-feira por volta das 8h45, quando um grupo de bombeiros — “a maioria, alegadamente, pertencente ao Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa” — se começaram a concentrar no bairro de Alvalade, em Lisboa. A manifestação “não foi comunicada à Autoridade Administrativa competente, conforme previsto na lei”, diz a PSP.

Petardos, fumo vermelho e palavras de ordem. Tensão em protesto dos Bombeiros Sapadores leva à suspensão das negociações com o Governo

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“A PSP só teve conhecimento desta manifestação através das redes sociais, tendo, com base nessa informação, estabelecido um dispositivo policial, no sentido de garantir a segurança e ordem pública”, revela ainda a polícia.

O comunicado da PSP explica ainda que a polícia percebeu que “a intenção dos manifestantes seria deslocarem-se desde a Avenida Rio de Janeiro, em Alvalade, até ao Campus XXI, sede do Conselho de Ministros e de diversos Ministérios” — onde esta terça-feira decorria uma reunião entre representantes sindicais dos bombeiros e elementos do Governo, no âmbito de negociações relacionadas com as exigências daqueles bombeiros no que toca, entre outras exigências, ao aumento do subsídio de risco.

“Polícias do Comando Metropolitano de Lisboa, pertencentes ao dispositivo policial, entretanto estabelecido, acompanharam os manifestantes, que se deslocaram em cortejo por diversas artérias de Lisboa”, explica a PSP.

“A PSP, face à deslocação apeada dos manifestantes e às intenções demonstradas de se dirigirem para o Campus XXI, optou por fazer cortes de trânsito de forma a garantir a segurança de pessoas e bens, tendo decidido, igualmente, montar um primeiro perímetro de dissuasão e um segundo perímetro de contenção, mais próximo do Campus XXI”, acrescenta ainda o comunicado.

O momento mais tenso aconteceu por volta das 11h da manhã, quando “o cortejo forçou o perímetro de dissuasão, dirigindo-se, em corrida, pela Avenida João XXI, até junto do edifício”.

“O perímetro de contenção, já montado no local, constituído pelo Corpo de Intervenção e por Equipas de Intervenção Rápida, garantiu a segurança do edifício, tendo assegurado o normal funcionamento daquele órgão de soberania e da sede da Caixa Geral de Depósitos, até ao final do protesto”, assinala a polícia.

A nota da PSP confirma que vai ser elaborado “um Auto de Noticia sobre esta manifestação não legalmente comunicada”, que será remetido “ao Ministério Público (MP), com a identificação dos diversos organizadores e participantes”.

“A PSP considera inadequados este tipo de protestos que vão contra as disposições legais em vigor, facto agravado pela utilização, por parte dos manifestantes, de artigos de pirotecnia (factos que serão devidamente identificados no Auto de Notícia a remeter ao MP) que colocaram em risco a integridade física dos polícias (que se encontram no local para proteger pessoas e bens), dos jornalistas que se encontram a desempenhar a sua missão de prestação de informação e demais cidadãos surpreendidos, na via pública, por esta ação”, destaca ainda o comunicado da PSP.

Devido à realização da manifestação não comunicada, a reunião entre o Governo e os representantes sindicais acabaria por ser suspensa. O Governo justificou a suspensão das negociações com o facto de não aceitar “negociar perante formas não ordeiras de manifestação”.

“As negociações poderão ser retomadas se e quando forem assegurados o respeito pelo diálogo e tranquilidade no exercício do direito de manifestação”, disse ainda o Governo. O Observador apurou junto de fonte do Governo que é improvável que as reuniões sejam retomadas ainda esta terça-feira.