Um grupo de estudantes entregou esta sexta-feira a um adjunto do primeiro-ministro uma carta com uma série de reivindicações de medidas de combate às alterações climáticas e uma ameaça de greve às aulas, tendo desmantelado um acampamento de protesto.

O grupo de estudantes colocou tendas numa das ruas junto à residência oficial do primeiro-ministro e tencionava aguardar até ser recebido pelo primeiro-ministro, com a lista de reivindicações.

“Foi-nos dito que o primeiro-ministro não estava e não nos iria receber nem hoje nem nunca”, pelo que “optámos por entregar a carta e vários documentos que atestam a emergência climática” a um adjunto, membro do seu gabinete, disse à Lusa Leonor Chicó.

Sob vigilância da polícia, os jovens colocaram o acampamento de protesto no prolongamento da rua da residência oficial cerca das 11h00 e recolheram as tendas cerca das 16h00.

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“A carta foi entregue. Se as coisas não mudarem, vamos mobilizar os jovens deste país para atuarem contra o Governo”, afirmou a porta-voz do movimento Fim ao Fóssil, que juntou mais de um milhar de assinaturas para exigir um corte drástico das emissões de gases com efeitos de estufa.

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“A menos que vocês atendam esta reivindicação, no final de abril de 2025 os estudantes sairão das aulas e iniciarão um período de duas semanas de paralisação das escolas”, escreveram os autores, na carta entregue.

“Entendemos isto como uma ação legítima e necessária para alcançar esta reivindicação”, referiram.

Ao som de músicas de intervenção e com cartazes com frases como “oh senhor primeiro-ministro explica lá porque é que em dezembro faz calor?” ou “Resistência estudantil pelo fim do fóssil”, os estudantes recordaram que 2023 “foi o ano com as maiores emissões de combustíveis fósseis alguma vez registadas” ao mesmo tempo que a “ciência é clara: temos até ao final desta década para evitar um ponto sem retorno, em que a crise climática se tornará irreversível”.

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“Vamos avançar para a paralisação das escolas na primavera, caso o Governo não se comprometa com o fim dos combustíveis fósseis até 2030”, explicou Leonor Chicó.

“Neste momento, o nosso Governo tem um plano de corte de emissões de 55 por cento até 2030, quando a ciência nos diz que temos de fazer um corte de 85 por cento para evitar o colapso climático”, disse Leonor Chicó, 19 anos, estudante de antropologia.

Para os ativistas, a crise climática aproxima-se de um ponto de não retorno que, se ultrapassado, irá levar à morte de milhões de pessoas.

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“Os prazos da ciência são inequívocos, a escolha é entre o Fim ao Fóssil até 2030 ou um mundo em colapso para herdarmos”, reforçou Leonor Chicó.