Um ex-arcebispo anglicano de Cantuária demitiu-se das suas funções religiosas depois de ser noticiado que contribuiu para o regresso ao sacerdócio de um padre que cumpriu pena por abuso sexual de menores, em mais um caso de crimes sexuais a envolver membros da Igreja Anglicana.

Em causa está o caso do padre David Tudor que foi condenado, em 1988, por abuso sexual de menores. Segundo uma investigação jornalística da BBC, o arcebispo George Carey terá concordado com o regresso de Tudor à atividade religiosa depois do cumprimento da pena, em 1993, apesar de, cinco anos antes, a Igreja Anglicana ter banido o sacerdote.

Lord Carey, que foi arcebispo de Cantuária entre 1991 e 2002, garantiu à BBC que não se lembrava do nome de Tudor.

A condenação de Tudor foi posteriormente anulada por uma questão técnica, depois de um tribunal de recurso britânico ter considerado que os elementos do júri do caso foram “mal orientados” pelo juiz.

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Segundo a emissora britânica, David Tudor só foi proibido totalmente de exercer funções na Igreja em outubro deste ano por um tribunal eclesiástico, após admitir ter abusado sexualmente de duas meninas.

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O The Telegraph noticia que George Carey, de 89 anos, entregou a carta de renúncia à Diocese de Oxford, na qual desempenhava funções, no dia 4 de dezembro. Na missiva, Carey escreve que “foi uma honra servir” as várias dioceses da Igreja Anglicana nas quais trabalhou, entre as quais a de Londres. Um porta-voz de Carey, citado pela BBC, confirma que a decisão foi fortemente motivada pela investigação.

Nas reações a este caso, uma mulher que foi abusada sexualmente pelo padre quando era adolescente, numa escola na região de Surrey, disse, num programa da BBC, que “é absolutamente nojento que tenham apoiado [o padre], que o tenham recebido de volta na Igreja”.

O advogado que representa três vítimas de abuso sexual de David Tudor, afirmou que a Igreja Anglicana deveria ter “afastado Tudor por completo” após a sua condenação em 1988. David McClenaghan considera também que “a Igreja deveria ter conduzido uma investigação realmente completa e falado com as três jovens que estavam envolvidas”.