Carlos Robalo Cordeiro, que preside ao grupo de trabalho que monitoriza o plano do Governo para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), reconhece o sucesso da maioria das medidas implementadas, mas admite que ainda “há muito a fazer” e que “há medidas a repensar”.
Em declarações à Rádio Observador, no programa Direto ao Assunto, o médico garante que está a ser feito um “trabalho de avaliação do desempenho do plano ao nível das medidas urgentes e prioritárias, cujo timing está agora a terminar”.
“Globalmente podemos dizer que estas 15 medidas urgentes e 24 medidas prioritárias têm um índice de conclusão de 70%, o que é positivo”, considerou, notando que o plano é “dinâmico” e que “dificilmente se poderia considerar que está concluído”. “Formalmente é considerado que há medidas concluídas, porque os objetivos foram concluídos, mas na realidade elas têm sempre margem de melhoria”, acrescentou.
“Este plano é arrojado e os seus prazos foram ambiciosos. Já se chegou a um número de 70%, mas evidentemente que ainda há muito para fazer”, assegurou Robalo Cordeiro. O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra reconhece, no entanto, a importância do balanço agora feito. “É importante que aconteça este olhar, não apenas para aquilo que os números nos mostram, mas também um olhar reflexivo e crítico a partir desses número”, afirmou.
O presidente do grupo de trabalho sinaliza o eixo das listas de espera cirúrgicas e de consulta e o alargamento da hospitalização domiciliária enquanto duas das áreas em que as medidas não alcançaram o mesmo sucesso, fazendo parte dos 30% do plano que ainda não obteve os mesmos resultados positivos das restantes.
“É importante reforçar o acesso à consulta especializada que tem que ver com dificuldades nos recursos humanos. Essa medida que não era urgente, mas prioritária e tem que ser melhorada”, admite, ressalvando, no entanto, que já houve 5% de aumento de consultas de especialidade em relação a 2023.
Robalo Cordeiro disse ainda que já falou com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que agradeceu ao grupo de trabalho e disse que “mantém a confiança” nos profissionais de Saúde. “Estamos a fazer uma tarefa que nos orgulha e que nos honra bastante”, acrescentou.
Sobre as medidas que devem ser repensadas, o médico diz que, no eixo das urgências, “a requalificação dos espaços de urgência, com a separação da urgência de psiquiatria da urgência geral é uma medida que era impossível de ser implementada num curto prazo ao nível nacional”.