A voz de Satanás“, que “seduz para o sexo ilícito, a vulgaridade, a violência, a traição, a arrogância, o roubo, a batota, a ingratidão para com os nossos cônjuges ou para com os outros em geral”. A forma como Shamsud-Din Bahar Jabbar expressa a sua visão pelo conceito de música, no geral, pode ajudar a perceber as motivações que o fizeram levar a cabo um atentado terrorista em Nova Orleães durante a noite de passagem de ano. Morreram, pelo menos, 14 pessoas.

Veterano do exército dos EUA, pai de três filhos e “100% inspirado” no Estado Islâmico. Quem era o autor do ataque a Nova Orleães?

Enquanto os habitantes da cidade mais conhecida do estado norte-americano do Louisiana saiam às ruas para festejar o Mardi Gras em fevereiro deste ano, Jabbar estava a gravar áudios na plataforma SoundClound, manifestando os seus pontos de vista sobre música, avança o jornal britânico The Guardian. O antigo soldado norte-americano, em três monólogos com uma duração de quase 20 minutos cada, partilhou com quase 300 ouvintes e os seus dois seguidores os seus valores religiosos.

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Numa plataforma que se baseia na música e na oportunidade para lançar artistas independentes, Jabbar interpretava versos do Alcorão. Numa das suas análises afirma que “poesia, no estilo rap“, poderia conduzir pessoas para caminhos “que Deus proibiu: os tóxicos como a marijuana, o álcool, os sedativos, os opiáceos, os estimulantes e outros”.

“Leva-nos a desperdiçar a nossa riqueza, a cortar os laços de parentesco — e até mesmo à idolatria, chamando-nos a venerar… o próprio artista”, acusou o homem de 42 anos. Num outro áudio percebe-se a correlação entre música e violência apresentada por Jabbar. Relembrando que vivia em Houston, Texas, o antigo soldado norte-americano responsabiliza uma música de rap em particular por uma série de três homicídios no seu bairro, que aconteceram pouco tempo depois de esta ter sido lançada no início do milénio.

Jabbar justifica estas suas posições radicais no facto de acreditar que a escritura islâmica obrigar as pessoas a “proibir o mal”. “De facto, Alá ordena a Satanás que incite a humanidade com a sua voz e a assalte com os seus soldados e se torne um parceiro”, nota.

Estes três longos monólogos juntam-se aos vídeos publicados nas suas redes sociais “horas antes do ataque”, onde, de acordo com a informação avançada a Joe Biden pelo FBI, “terá indicado ter sido inspirado pelo Estado Islâmico, mostrando um desejo pela morte”.

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