Um jogo também no Minho, um filme quase ao contrário. No início de novembro, e a perder por dois golos ao intervalo, o Sporting teve uma segunda parte fulgurante que terminou com uma fantástica reviravolta por 4-2 frente ao Sp. Braga e selou da melhor forma a despedida de Ruben Amorim do comando da equipa verde e branca. Agora, início de janeiro, e a perder por dois golos aos 60′, o V. Guimarães conseguiu ainda fazer a reviravolta em 15 minutos e só não acabou a festejar porque Francisco Trincão minimizou os danos sofridos pelos leões no quinto minuto de descontos. Pelo meio, uma série de quatro jogos sem vitórias fora.

Gyökeres cumpre promessas, a equipa deixa o resto por metade (a crónica do V. Guimarães-Sporting)

Não foi por Viktor Gyökeres. Depois de um fim de ano a receber prémios da imprensa nacional a coroar um 2024 onde se sagrou o melhor marcador mundial com 62 golos, o sueco fechou a primeira volta com um hat-trick no primeiro encontro de 2025, o sexto da carreira, e tornou-se apenas o segundo jogador do Sporting a chegar à fasquia dos 20 golos na primeira volta do Campeonato este século depois de Mário Jardel em 2002 (os outros foram Peyroteo, Jesus Correia, Mário Wilson, Vasques, Lourenço e Yazalde), levando 30 golos em 28 encontros oficiais na presente temporada. No entanto, o terceiro jogo da época com quatro golos sofridos pelos leões acabou por reduzir o prémio coletivo do escandinavo a um empate a sabor a pouco.

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Há 40 anos que o Sporting não terminava uma partida com uma igualdade a quatro mais golos (a última vez tinha sido em 1984/85, de acordo com os dados do Playmakerstats), o que pode permitir ao Benfica colar-se à liderança caso vença o Sp. Braga na Luz este sábado e ao FC Porto isolar-se no topo em caso de triunfo no encontro frente ao Nacional na Madeira que foi adiado para dia 15 de janeiro. De forma natural, o sueco, que mostrou toda a sua frustração após o lance do 4-3 que gerou várias pequenas discussões entre jogadores leoninos pelas falhas de marcação na bola parada, admitiu que os golos tiveram pouco ou nenhum impacto.

“Devíamos ganhar. Quando se marcam quatro golos, é inaceitável sofrer quatro mesmo que seja um jogo difícil, fora de casa, especialmente quando estás a ganhar 3-1 na segunda parte. Temos de saber defender a vantagem. Não precisamos de jogar um futebol fantástico mas temos de garantir que não os recolocamos no jogo. Fizemo-lo e eles marcaram demasiados golos… Talvez tenhamos relaxado demasiado, pensámos que íamos ganhar de forma confortável mas eles são uma boa equipa. Se nós fazemos isso, vão aproveitar as oportunidades que têm e foi o que fizeram. O que muda? Ainda faltam 17 jogos na época, muito pode acontecer. Temos de continuar e ganhar o resto dos jogos para termos uma boa época. Da minha parte, começar com três golos é um bom início para mim mas preferia ter os três pontos”, referiu à SportTV.

“É um jogo difícil, num ambiente difícil e com uma equipa muito difícil do outro lado. Fizemos 55 ou 60 minutos muito bons, em termos defensivos muito ligados, rigorosos e bastante competentes. Depois, desligámos um bocado do jogo, foi mental e físico também, e deixámos o Vitória acreditar. Uma equipa que luta para ser campeã não pode estar a ganhar 3-1 e deixar virar o resultado para 4-3. Estamos longe daquilo que queremos. A equipa foi pouco compacta, pouco reativa. Há muitas coisas a melhorar. Acima de tudo, que a equipa perceba que temos muitas coisas a melhorar”, admitiu também Rui Borges, treinador do Sporting, ainda na zona de entrevistas rápidas do canal que transmitiu o encontro.

“Uma equipa que quer ser primeiro não pode estar a ganhar por 3-1 e depois deixar virar para 4-3. Se tinha mexido? Depois do jogo pensamos sempre noutras coisas, o que podíamos ter feito para melhorar a equipa. Perdemos o controlo emocional e do jogo também. Caímos em termos anímicos, deixámos o Vitória acreditar. Depois do 3-2, o estádio ajudou muito a equipa do Vitória, uma equipa com qualidade. Uma equipa que quer ganhar sempre não pode perder assim o equilíbrio emocional. Ausências? Não estou aqui para me lamentar. Há jogadores que vão estar bem, outros que não, é o que é. Claro que queremos ter toda a gente e contar com todos mas quando não temos, trabalhamos com os que temos”, acrescentou.

Mais tarde, na conferência de imprensa, Rui Borges abordou também o regresso ao Minho, com uma tarja a chamar “traidor” e muitos assobios quando foi para o banco. “Vou ser verdadeiro, foi estranho. Não percebo o porquê da tristeza mas é para o lado que durmo melhor. Jamais disse ao presidente que queria sair do Vitória. Quando fui abordado disse que tinham de falar com o Vitória e quando o Sporting chegou a acordo com o Vitória aconteceu o que aconteceu. Saí do Vitória e deixei quatro milhões no clube, não percebo o porquê de tanto ódio, mas tenho de seguir a minha vida. Tenho um carinho enorme pelos adeptos, mesmo pelos que me trataram mal. Dei muito a ganhar ao Vitória desportivamente e financeiramente, vou gostar do Vitória para sempre mas vou seguir o meu caminho. Fiquei triste por esse ódio”, comentou.

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