O ataque no dia 1 de janeiro de 2025 de Nova Orleães que fez 14 vítimas mortais continua a ser investigado. Há algo, no entanto, que está a intrigar as autoridades. Segundo apurou a NBC News junto de fontes ligadas à investigação, o atacante de 42 anos utilizou material explosivo considerado muito raro para fabricar duas bombas (que acabaram por não ser detonadas) e que nunca tinha sido usado em nenhum ataque terrorista nem em solo norte-americano, nem europeu no passado.

De acordo com o FBI, o atacante, Shamsud-Din Jabbar, colocou dois engenhos explosivos artesanais na Bourbon Street onde ocorreu o ataque. As bombas estavam colocadas dentro de geleiras e seriam, segundo acreditam as autoridades, detonadas à distância. Para além disso, o FBI revelou também que Jabbar visitou a cidade duas vezes nos últimos meses e, nessas visitas, usou uns smart glasses da Meta para filmar o Bairro Francês, onde acabou por perpetrar o ataque.

As bombas acabaram por não explodir, sendo ainda incerto porque é que o atacante não as detonou: se simplesmente acabaram por ficar inoperacionais, ou se Shamsud-Din Jabbar não as ativou. Dentro do carro que foi usado durante o ataque para atropelar os transeuntes na Bourbon Street, foi encontrado o dispositivo que faria explodir as bombas, juntamente com duas armas.

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Mesmo que tenham ficado inoperacionais, as autoridades estão a investigar como é que Shamsud-Din Jabbar teve acesso àquele material explosivo para preparar o ataque, inspirado nos do autoproclamado Estado Islâmico. De acordo com a Associated Press, em casa do atacante em Houston, no estado do Texas, foram encontrados materiais perigosos na garagem, onde fabricava as bombas.

Há uma informação que pode estar conectada com estes materiais explosivos. Em 2023, Shamsud-Din Jabbar viajou até o Egito, segundo contou o meio-irmão, Abdur Jabbar, à ABC News. Àquele canal de televisão, o familiar lembrou que o atacante justificou a ida àquele país do Norte de África, porque era “barato e bonito”.

Porém, as autoridades estão a investigar quais foram os motivos reais da viagem. Para já, ainda não é claro se o atacante já estaria radicalizado aquando da sua ida ao Egito. “A próxima fase mais importante da investigação é descobrir como é que essa radicalização aconteceu e se aconteceu naquela viagem”, disse à ABC Jason Williams, procurador distrital de Orleães.

Por volta das 3h15 locais (mais seis horas em Lisboa) do dia 1 de janeiro de 2025, nas celebrações de Ano Novo, o atacante avançou em alta velocidade sobre a multidão na Bourbon Street. As autoridades garantiram que o atropelamento em massa foi “intencional” e que o responsável tentava atingir o “maior número de pessoas possível”. Seguiu-se uma troca de tiros, que só terminou quando Shamsud-Din Jabbar foi abatido.

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