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Morreu Lemmy Kilmister, o vocalista imortal da banda Motörhead

Este artigo tem mais de 5 anos

Ian "Lemmy" Kilmister, vocalista e fundador da banda de heavy metal Motörhead, morreu aos 70 anos vítima de cancro. A doença foi diagnosticada no sábado.

Lemmy Kilmister tinha 70 anos
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Lemmy Kilmister tinha 70 anos

Eliseo Trigo/EPA

Lemmy Kilmister tinha 70 anos

Eliseo Trigo/EPA

Desapareceu uma lenda. Lemmy Kilmister, o mítico vocalista e fundador da banda de heavy metal Motörhead, morreu esta terça-feira na sequência de uma curta batalha contra um “cancro extremamente agressivo”, descoberto no passado dia 26 de dezembro. O rock está de luto.

A notícia começou por ser avançada de forma não oficial durante a noite de segunda-feira, sendo depois confirmada durante a madrugada pela própria banda através do Facebook. “Não há maneira fácil de dizer isto… O nosso poderoso, nobre amigo Lemmy morreu hoje depois de uma curta batalha contra um cancro extremamente agressivo”, refere a publicação.

There is no easy way to say this…our mighty, noble friend Lemmy passed away today after a short battle with an extremely...

Posted by Official Motörhead on Monday, 28 December 2015

A banda não especificou de que cancro se tratava, dizendo apenas que o vocalista morreu em casa, em Los Angeles, enquanto jogava um dos seus jogos de computador favoritos. Lemmy tinha 70 anos. Aos fãs, os Motörhead pediram apenas para que ouvissem a música de Lemmy “alto” e para que bebessem “um copo ou mais”, um pequeno tributo a um “homem amável e maravilhoso”, que viveu a vida de forma “tão vibrante”. “Ele iria querer exatamente isso.”

As primeiras reações à notícia começaram rapidamente a inundar a internet. Ozzy Osbourne, lenda do rock e vocalista dos Black Sabbath, foi um dos primeiros a comentar a morte de Lemmy Kilmister, um dos seus “melhores amigos”. “Ele vai fazer falta. Era um guerreiro e uma lenda. Vemo-nos do outro lado.”

Dave Mustaine, dos Megadeth, também usou o Twitter para dizer “adeus” a Lemmy, que era muito mais do que um amigo. Era um “irmão”. Bernie Marsden, fundador dos Whitesnake, disse ter recebido “notícias tristes sobre o Lemmy, uma pessoa que conhecia desde os anos 70”. “Passei muitas noites a conversar com ele, especialmente sobre o Hendrix! Um grande homem”, escreveu o guitarrista. James Kottak, dos Scorpions, afirmou que o líder dos Motörhead era “um verdadeiro amigo” e que “vai fazer falta”.

O homem que todos pensavam que não podia morrer

Imortal. Imune aos excessos. Indestrutível. Não era raro que, a meio de uma conversa sobre Motörhead, se apregoassem as capacidades de sobrevivência de um homem que consumiu drogas durante quase toda a vida e que, com mais de 60 anos, já com diabetes, tentou substituir o uísque com Coca-Cola por algo mais “leve”: primeiro duas garrafas de vinho diárias, mais tarde vodka com sumo de laranja.

Ian “Lemmy” Fraiser Kilmister nasceu no dia 24 de dezembro de 1945 na cidade de Burslem, em Inglaterra. O pai era ex-capelão da Força Aérea Britânica. E por aqui ficamos quanto a referências religiosas do homem que viveu a vida toda sob o lema “sexo, drogas e rock n’roll”. Parte homem, parte mito, começou a sua carreira musical em meados dos anos 60, altura em que trabalhou como roadie para um guitarrista que haveria de se tornar uma lenda: Jimi Hendrix.

“Quando ele atuava, era mágico. Ao vê-lo, o tempo e o espaço paravam”, recordou Lemmy à Rolling Stone, em 2010. Jimi Hendrix viveu temporariamente em Londres. E apesar de o roadie não ter a vida facilitada – era preciso por vezes apanhar pedaços de guitarras destruídas em palco, bem como pedais -, Lemmy recordou-o como “um gajo mesmo porreiro”.

Antes de fundar os Motörhead, passou por várias bandas de rock, como os Rockin’ Vickers e Sam Gopal. Em 1972 entrou para a banda de rock psicadélico Hawkwind, onde serviu como baixista e vocalista durante três anos, chegando mesmo a gravar o mítico EP Space Ritual (1973). Foi expulso da mesma em 1975, depois de ter sido detido por posse de droga na fronteira com o Canadá. Ou como ele escreveu na sua autobiografia, White Line Fever, por ter usado “as drogas erradas”: desde cedo que Lemmy tomava anfetaminas, conhecidas por speed, enquanto os outros músicos estavam mais inclinados para os alucinogénicos. Foi nos Hawkwind que o baixista deu os primeiros passos em direção ao heavy metal, experiência que lhe permitiu fundar a banda que seria sua nos 40 anos seguintes.

Os Motörhead foram uma resposta necessária. Criados em 1975, o primeiro álbum, Motörhead, saiu dois anos depois. A partir daí, a banda nunca mais parou. Ao longo de 40 anos de carreira, foram lançados mais de duas dezenas de álbuns e vendidos mais de 30 milhões de discos. O grande êxito, o single “Ace of Spades”, saiu em 1980. O último álbum, Bad Magic, é de agosto deste ano. A formação nem sempre foi constante, mas Lemmy manteve-se sempre à frente do projeto, como vocalista e baixista.

Apesar de ser aparentemente indestrutível, os últimos anos da sua vida foram marcados por vários problemas de saúde. Sofria de diabetes e de problemas cardíacos, tendo sido submetido em 2013 a uma cirurgia cardiovascular, que envolveu o implante de um dispositivo eletrónico regulador do batimento cardíaco. O homem que “nasceu para perder” e “viveu para ganhar” viu-se até obrigado a cortar nos cigarros e na bebida e, início deste ano, a banda teve até de cancelar vários concertos. Mas Lemmy sempre teve a certeza de que iria morrer na estrada.

“Aos 20, pensas que és imortal. Aos 30, esperas ser imortal. Aos 40, rezas para que não doa muito, e quando chegas à minha idade convences-te de que, bem, o fim pode estar ao virar da esquina. Se penso muito na morte? É difícil não o fazer quando tens 65 anos”, disse a um jornalista do Independent, em 2010.

Durante as últimas quatro décadas, os Motörhead assumiram-se como uma das maiores bandas da história do rock e do heavy metal. O seu estilo rápido, associada à característica voz rouca de Lemmy, influenciaram várias gerações de músicos, desde o punk ao heavy metal. Ao contrário do que a lenda nos dizia, Lemmy acabou por morrer. Mas a sua música continuará viva e a gritar rock ‘n’ roll.

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