Reforçar a monitorização do vírus zika, do mosquito que o transmite e das doenças que pode causar, como a microcefalia, são algumas das recomendações do Comité de Emergência que se reuniu esta segunda-feira. Como resultado do encontro com 18 especialistas, a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, disse que a possível associação entre a infeção com zika e os casos de microcefalia justificavam a declaração de emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC).

Ainda que, cientificamente, a associação entre zika e problemas neurológicos ainda não tenha sido estabelecida, o Comité de Emergência apresentou algumas recomendações adicionais.

Identificar as causas de microcefalia e de problemas neurológicos

  • Definir padrões de vigilância e melhorar a monitorização dos casos de microcefalia e do síndrome Guillan-Barre — que causa danos no sistema nervoso periférico –, em especial nas áreas onde o risco de transmissão de zika é maior;
  • Intensificar a investigação sobre as causas dos novos núcleos de casos de microcefalia e doenças neurológicas para determinar se são causadas pelo vírus zika e/ou por outros fatores.

Prevenir a transmissão do vírus zika

  • Aumentar a vigilância das infeções com vírus zika, estabelecendo a definição do que é um caso e reforçando o diagnóstico nas áreas de maior risco;
  • Dar prioridade ao desenvolvimento de novos meios de diagnóstico para as infeções com zika para facilitar a vigilância e as medidas de controlo;
  • Melhorar a comunicação de risco em países que tenham o vírus, em especial para esclarecer os receios da população e envolvê-la no processo, mas também para melhorar a identificação de casos e o controlo dos mosquitos que transmitem o vírus;
  • Promover “de forma agressiva” as medidas de controlo de mosquitos e de proteção individual para reduzir a exposição ao vírus;
  • Prestar toda a informação necessária a mulheres em idade fértil ou grávidas para evitarem a infeção;
  • Aconselhar grávidas que tenham estado expostas ao vírus e acompanhá-las até ao nascimento seguindo a “melhor informação disponível e as práticas e políticas nacionais”.

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Preparar os impactos no futuro

  • Desenvolver investigação adequada na área das vacinas contra o zika, tratamentos específicos e diagnósticos da infeção;
  • Preparar os serviços de saúde locais para um potencial aumento de síndromes neurológicos e malformações congénitas.

Recomendações para quem vai viajar

  • Não implementar restrições à circulação de pessoas e mercadorias de e para as áreas afetadas com zika;
  • Fornecer informação atualizada às pessoas que viajem para zonas afetadas para evitarem serem picados pelos mosquitos;
  • Seguir as recomendações da OMS para a desinfeção de aeroportos e aeronaves.

Partilhar informação

  • As autoridades nacionais devem assegurar relatórios rápidos e atualizados de forma a partilhar os dados de saúde pública relevantes para este PHEIC;
  • Os dados clínicos, virológicos e epidemiológicos relacionados com o aumento dos casos de zika, microcefalia e síndrome Guillan-Barre devem ser prontamente partilhados com a OMS;
  • Os dados partilhados com a OMS servirão não só para a compreensão dos eventos, mas para fornecer orientações em relação às vias de investigação e ao desenvolvimento de produtos.

O papel da Comissão Europeia

Depois da declaração da OMS, a Comissão Europeia criou uma página que pretende agregar informação sobre o vírus zika e sobre o que a União Europeia está a fazer em relação a este surto. A página terá também as atualizações disponibilizadas pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês).

A Comissão Europeia refere que em casos de problemas graves de saúde pública, como o presente surto de zika, colabora com a OMS e Estados-membros “para assegurar que a resposta às ameaças transfronteiriças são coerentes e bem coordenadas”.

A pedido da Comissão Europeia, o ECDC avaliou o risco de surto de zika na Europa e concluiu que “o risco de transmissão é extremamente baixo na União Europeia”, porque durante o inverno as condições climáticas não são favoráveis ao vírus Aedes aegypti que transmite o vírus. Logo, as principais recomendações vão para pessoas que viajem para os locais onde o vírus está ativo.

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