Terminal 4450

“Acho que o nome steakhouse realmente é uma tendência neste momento”, diz ao Observador Ricardo Rodrigues, já com o Sushiaria e o Esquina do Avesso, ambos em Leça da Palmeira, no currículo. Na dúvida sobre se será uma moda passageira ou uma tendência para ficar, decidiu, juntamente com o sócio Ricardo Ribeiro, que o seu novo projeto não teria steakhouse gravado no nome. Nem o menu seria feito só de cortes de boi. Aberto desde 17 de novembro, no Terminal 4450 há uma oferta tradicional e de petiscos, com papas de sarrabulho (a receita é a da mãe de Ricardo), pica-pau, franguinho de churrasco e até uma francesinha em pão bijou, outra mais americana com os hambúrgueres, asinhas de frango e costelinhas de porco com molho barbecue. E só depois de tudo isto é que chegamos ao grill.

É nesta parte que se encontram as estrelas desta casa aberta desde novembro no antigo terminal de passageiros do Porto de Leixões: os costeletões, as alcatras, o lombo, tudo de boi. O costeletão (32€) e o bife da vazia (38€) são peças maiores, ideais para duas a três pessoas. “Pretendemos transportar as pessoas para uma dimensão mais bruta”, assume o proprietário. Daí as mesas corridas em madeira, as facas fortes personalizadas para cortar a carne, as tábuas em madeira a servir de prato. Tudo a condizer com a vista sobre o mar e o Porto de Leixões. A base da carta é do chef Nuno Castro e, a executá-la diariamente, está o seu homem de confiança, João Ribeiro.

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Ao almoço de terça a sexta-feira (encerra à segunda) há sempre o corte do dia onde, por 10 euros, se pode comer o couvert (pão e umas viciantes pipocas de chouriço), sopa, bebida, café e um prato que tanto pode ser naco de boi como espetada de picanha, alcatra maturada ou codornizes recheadas, para citar alguns exemplos. Variações que nem sempre se encontram no menu normal. A sobremesa é à parte, mas vale a pena gastar mais 3,50€ na tarte de maçã com custard baunilhado, ou mais 3€ na bola de berlim recheada com manteiga de amendoim. É tudo feito no Terminal 4450.

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Para chegar a este terminal tem de entrar num elevador (ou subir as escadas) e passar um corredor como se fosse um terminal de embarque. Quando ler o sinal de “check in” pode entrar e agarrar no original menu em forma de passaporte. Boa viagem.

Avenida Doutor Antunes Guimarães, Terminal dos Passageiros (Leça da Palmeira). 91 985 1933. De segunda a quinta-feira das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 02h00, sexta das 12h30 às 15h00 e das 19h00 às 04h00, sábado das 10h00 às 04h00 e domingo das 10h00 às 02h00.

Tenra Steakhouse

Há quem considere a carne da região japonesa de Kobe, proveniente das vacas da raça wagyu, a mais tenra do mundo. Desde janeiro que é possível apreciá-la no Tenra, o novo projeto dos irmãos João e Armando Oliveira (donos do Baixa Burguer), juntamente com Roberto Gonçalves. “Somos uma steakhouse premium que trabalha com algumas das carnes mais importantes a nível mundial”, atira João Oliveira, confiante. A número um é, claro, a wagyu, cujo costeletão é vendido a 180€ o quilo e chega para alimentar três bocas. Mas também há a vazia (250 gramas custam 40€) e o lombo (100 gramas custam 30€). As três carnes têm 45 dias de maturação e sabor intenso, variando entre si os níveis de infiltração da gordura.

Igualmente macios e suculentos são os cortes de black angus, raça de bovinos originária do nordeste da Escócia, não maturada. Aqui o quilo de costeletão já desce para os 65€ e 250 gramas de vazia custam 19€. Por fim encontramos a carne galega, com origem no Douro e Minho. É aqui que estão os típicos cortes americanos porterhouse, T-Bone e chuletón. Todas as carnes da carta são preparadas na potente grelha do forno Josper, a carvão vegetal. Há dois molhos à escolha, o bearnês e o de trufa, mas com carne deste nível não será de excluir saboreá-la sem esse acompanhamento. Nas entradas, o destaque vai para o presunto wagyu: 50 gramas custam 18€, com João Oliveira a garantir que mesmo quem come presunto há muito tempo nunca comeu uma coisa assim. Aos comandos de tudo isto está o chef Pedro Braga, que colaborou no restaurante Pedro Lemos e no Reitoria.

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Quanto ao espaço, a mobília de madeira senta 70 pessoas, divididas por dois pisos. As luzes suaves conferem um ambiente discreto, ajudadas pelo bar ao centro, que faz com que as mesas sejam espaçadas e tenham alguma privacidade. Nas vitrines estão os vinhos, à vista dos clientes. No bar há “cocktails de autor” e, às sextas, sábados e vésperas de feriado, os clientes (mas também quem estiver a passar na rua) podem saboreá-los até às duas da manhã. O preço médio ao jantar ronda os 60€. Durante a semana ao almoço há um menu de 15€ com sopa, um prato à escolha entre três de carne e um de peixe, mais sobremesa, bebida e café. Na carta de vinhos há cerca de meia centena à escolha, a esmagadora maioria proveniente do Douro.

Rua da Picaria, 12 (Baixa). 92 512 5121. De segunda a quinta-feira das 12h00 às 15h00 e das 19h30 às 00h00. Sexta e sábado das 12h00 às 15h00 e das 19h30 às 02h00.

RIB Beef & Wine

“Quero uma coisa not boring“, terá pedido Dionísio Pestana, presidente da maior cadeia hoteleira do país, o Grupo Pestana. A 22 de novembro de 2015, o chef Rui Martins, que três anos antes fora finalista do concurso televisivo Top Chef, deu-lhe o RIB Beef & Wine, associado ao Pestana Vintage Porto. Com o rio Douro como vizinho, RIB deriva de Ribeira, claro, mas também da palavra costela em inglês, porque aqui a carne é a hóspede principal. Pô-lo já de lado na categoria de restaurantes de hotel, caros e descaracterizados, para turista, é um erro. O preço médio ronda os 40€ por pessoa, que não serão gastos em vão.

A carne, toda ela certificada, chega de vários fornecedores porque Rui Martins quer a melhor peça de cada um deles, portugueses e estrangeiros. “Independentemente da raça. Nós temos é de ter o melhor chuletón (54€ o quilo), o melhor tomahawk (55€ o quilo), o melhor lombo (19€ a 22€ o prato)”, explica. O favorito do chef é o T-Bone (28€ o prato) “porque se conseguem comer duas carnes diferentes, a vazia e o lombo”, conta. Para a nova carta, que entra em vigor em março, a equipa está a trabalhar com uma carne black angus australiana, entre outras surpresas.

Uma das práticas que pode causar estranheza ao cliente é o facto de a carne ser cozinhada sem qualquer tempero. É o próprio cliente que tempera o prato à mesa, a seu gosto (a flor de sal que chega à mesa derrete mais rapidamente em contacto com o calor da carne). O chef fá-lo com dois objetivos: proporcionar um sabor não dominado pelo sal, como tantas vezes acontece, e também para não secar a carne — ao colocar sal na carne na grelha, a alta temperatura vai retirar água ao alimento.

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“Raramente perguntamos ao cliente como é que quer a carne”, avisa. “Servimos como achamos que devemos servir. Quando o cliente quer mais bem passada, os funcionários têm formação para explicar: ‘olhe, o tomahawk bem passado não fica tão bom, nesse caso aconselhamos um rib eye‘. Não queremos defraudar as expectativas do cliente.” Os funcionários também aconselham quais os acompanhamentos que vão melhor com cada prato. Dica: o arroz de grelos é quase obrigatório. Para além da flor de sal, cada prato vem com manteiga Café de Paris, tomate assado, e confit de cebola com vinho do Porto.

O RIB é uma steakhouse mas o chef quer aprofundar muito mais o conceito da carne. A cozinha é o seu laboratório. A certa altura, traz-nos fumo líquido, um dos ingredientes que usa diariamente e que a um metro de distância já cheira a churrasco. É tudo feito ali pela equipa. “Queremos estar à frente e isso obriga-nos a procurar e a arriscar. Se pensarmos nuns simples croquetes, por exemplo: nós temos uns croquetes de boi onde a carne é desfiada e não picada. Quem é que espera comer croquetes num restaurante de hotel?”. Nas entradas também se encontra uma iguaria não muito usual, a cecina, o chamado presunto de vaca, de corte fino, muito tenro e menos salgado que o de porco.

E já que o RIB tem Wine no nome, saiba que a garrafeira tem mais de 100 referências, incluindo vinhos a copo (desde o Branco Planalto Reserva 2014 Douro a 4,50€ ao Grainha 2011 tinto a 7€). Naturalmente, o Douro surge em destaque. Nas sobremesas, quem gosta de limão não deve perder a tarte de limão merengada (5€), onde num só prato convivem o doce e o ácido, o quente e o frio, o crocante e o cremoso.

Praça da Ribeira, 1 (Ribeira). 96 627 3822. De segunda a quinta-feira e aos domingos das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 00h00. Sexta e sábado das 12h30 às 02h00

Belos Aires

Tudo começou com uma história de amor. Há cinco anos, a portuense Elisabete Martins e o argentino Mauricio Ghiglione conheceram-se no morro de São Paulo, no Brasil, e apaixonaram-se. Em 2013 casaram em Portugal, dois anos depois fizeram o mesmo na Argentina e a 4 de setembro casaram a gastronomia da cidade dela e do país dele num projeto a que deram o nome de Belos Aires. De um rés-do-chão abandonado ao final da Rua das Flores fizeram um espaço moderno, com a cozinha aberta e um pequeno pátio, muito concorrido nos dias quentes.

“Há quem se refira ao Belos Aires como um restaurante de comida argentina mas não, aqui cruzam-se as duas gastronomias”, explica Elisabete Martins. Exemplo disso é a entrada de crocante de alheira com chutney de marmelo (5,90€), seguida do la provoleta com orégãos (6€), feita à base do queijo provolone italiano, muito apreciado no país do tango. Os recheios das típicas empanadas (1,75€) variam diariamente entre carne picada, com ou sem picante, uvas passas, espinafres com requeijão e nozes, mozzarella com manjericão e tomate, provolone com cebola e orégãos frescos, frango picante com azeitonas ou milho com queijo parmesão.

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Mas as estrelas da carta são os três pratos de carne importada da Argentina. O primeiro é o ojo de bife (18€), “a continuação do lombo, a parte mais larga do chuleton. Chama-se assim porque no meio do bife tem uma bolinha de gordura, como um olho”, explica Mauricio Ghiglione. É esse olho que torna a carne extremamente tenra e saborosa. Se o ojo é a parte mais larga, o chorizo (20€) é a parte mais pequena. São 300 gramas de carne com gordura por fora e, confessa Maurício, é o seu favorito entre os três. Por fim temos o colita de cuadril (17€), a ponta da alcatra, feito com um corte semelhante ao do filé mignon. São 200 gramas de carne suculenta mas que, por ter menos gordura, não é aconselhado pedir bem passada. “Quando me fazem esse pedido aconselho o ojo de bife ou o bife de chorizo”, sublinha o chef.

O menu é sazonal para aproveitar os ingredientes frescos de cada época. Esta semana, o restaurante — que só abre ao jantar — vai estrear uma nova carta, onde entrará, por exemplo, o Romeu e Julieta argentino que, em vez de ser feito de queijo e marmelada como por cá, leva morcela com chouriço. Mas há coisas que são para manter. Os cortes argentinos ficam, assim como o lombo de bacalhau com broa, prato que Maurício fez para o seu casamento. Para acompanhar há vinhos portugueses e argentinos, como não poderia deixar de ser.

Rua de Belmonte, 140 (perto do Mercado Ferreira Borges). 22 319 5661. De segunda a sábado das 19h00 às 00h00. Encerra aos domingos.