A Polícia Federal brasileira realizou a madrugada desta quinta-feira buscas na casa do ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, noticia a imprensa brasileira. De acordo com a Folha de São Paulo, Lula foi levado pelas autoridades para depor, ao abrigo de um mandado de “condução coercitiva” [que é emitido quando a pessoas que está ser investigada é obrigada a depor] assinado pelo juiz federal Sérgio Moro. Lula foi ouvido pelas autoridades no aeroporto de Congonhas em São Paulo. A polícia tinha ainda em sua posse um outro mandado de busca e apreensão.
De acordo com o jornal online G1, as buscas — no âmbito da ‘Operação Lava Jato’, que começou em março de 2014 e investiga um esquema multimilionário de lavagem de dinheiro e evasão de capitais – ocorrem na casa do ex-Presidente Lula em São Bernardo do Campo, cidade da região metropolitana de São Paulo.
O ex-Presidente é alvo de um dos mandados de busca e será obrigado a prestar esclarecimentos, segundo o delegado Igor Romário de Paula. Segundo a Folha de São Paulo, houve, também, buscas na casa de Fábio Luíz Lula da Silva, filho do ex-Presidente brasileiro que é conhecido por Lulinha. No terreno estão 200 agentes da Polícia Federal e 30 auditores.
Desde final de janeiro que se noticia que o Ministério Público de São Paulo estaria a investigar se Lula da Silva ocultou a posse de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo, que terá sido cedido à sua família pela construtora OAS, investigada na Operação Lava Jato. A construtora OAS também terá gasto cerca de 87 mil euros para mobilar o apartamento, localizado no edifício Solaris.
O Instituto Lula confirmou que Lula da Silva e a sua esposa visitaram o imóvel uma vez, ao lado do então presidente da OAS, Léo Pinheiro, atualmente preso após condenação do Operação Lava Jato. Segundo relata o G1, esta versão diverge de duas testemunhas ouvidas pelo Ministério Público que afirmaram ter visto Lula duas vezes no local.
O comunicado do instituto assegura que a operação tem como objetivo “criar um escândalo a partir de invencionices” e acusa os adversários políticos e a oposição de serem os responsáveis pela “campanha”.
Já no ano passado, foi noticiado que autoridades policiais brasileiras estão a investigar o negócio entre a Oi e a PT suspeitam da existência de movimentos financeiros para pagamentos a ex-governantes e gestores brasileiros e portugueses. Os movimentos financeiros que terão facilitado as autorizações políticas necessárias para o acordo entre a Oi e a PT poderão ter partido das construtoras acionistas da empresa de telecomunicações brasileira, após estas terem recebido parte dos 1.200 milhões de euros devidos pela operadora portuguesa, noticiou o Público em novembro.
Lava Jato, o escândalo de corrupção que agora agita o Brasil (depois do Mensalão e do Petrolão) não se cruza apenas com um processo, mas sim com vários. Uma teia de relações entre empresas e pessoas que o Observador tentou, no ano passado, simplificar em 5 gráficos.