António Varela demitiu-se do cargo de administrador do Banco de Portugal. A SIC avança que o administrador com o pelouro da supervisão pediu a demissão esta segunda-feira. O Banco de Portugal confirmou entretanto que “o administrador Dr. António Varela transmitiu hoje ao conselho de administração a sua renúncia ao mandato de administrador do Banco de Portugal, apresentada pelo próprio ao Governo, nos termos previstos na lei”. O mandato de Varela terminava apenas em 2019.
Segundo a SIC, que não especifica onde obteve a informação, o pedido de demissão está relacionado com alegadas divergências sobre o rumo da política do banco central em matérias relacionadas com a banca.
Varela foi administrador do Banif, em representação do Estado, antes de ser nomeado para o Banco de Portugal quanto Maria Luís Albuquerque era ministra das Finanças. Varela entrou em funções em setembro de 2014, depois do colapso do Banco Espírito Santo, na mesma altura em que tomou também posse Hélder Rosalino, ex-secretário de Estado da Administração Pública.
Na altura da tomada de posse Maria Luís Albuquerque disse que António Varela era o homem adequado para o cargo da supervisão. A sua demissão acontece num momento de forte pressão política sobre o Banco de Portugal, em particular sobre o governador, Carlos Costa, depois de desenlace do caso Banif, da decisão de transferir dívida do Novo Banco para o BES, e ainda por causa da oposição do regulador bancário a soluções para o pagamento do papel comercial aos clientes do antigo Banco Espírito Santo.
Carlos Costa, que deu recentemente uma longa entrevista ao Expresso, tem recusado demitir-se do cargo. E os estatutos de independência do Banco de Portugal impedem que seja afastado pelo governo, a não ser em caso de falha grave de conduta.
A demissão de António Varela acontece antes de se iniciar a comissão parlamentar de inquérito ao Banif onde será chamado a depor, na qualidade de antigo administrador do Estado no Banif, mas também enquanto responsável pelo pelouro da supervisão prudencial.