A 29.ª edição da Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBO), a segunda mais importante da América Latina, abre esta terça-feira portas, já sob a direção do português Pedro Rapoula, de 39 anos.
Os escritores João de Melo, Dulce Maria Cardoso e Valter Hugo Mãe, a editora Bárbara Bulhosa e o agente literário Paulo Ferreira, da Booktailors, marcam a presença portuguesa, sobretudo na segunda semana da FILBO, que se prolongará até 2 de maio, com a participação em debates e encontros com o público, de acordo com o programa da feira.
A convidada de honra é a escritora bielorrussa Svetlana Alexiévich, autora de “Vozes de Chernobyl” e “O fim do homem soviético”, distinguida com o Nobel da Literatura 2015, que apresenta o seu novo livro, “A guerra não tem rosto de mulher”, e participa no encontro “Mulheres: narrativas da guerra e da paz”, com a ativista norte-americana Jody Williams, da Campanha Internacional para a Erradicação de Minas Antipessoais, Nobel da Paz, em 1997.
A Holanda é o país convidado desta edição da FILBO, contando com a participação, entre outros, do ilustrador Philip Hopman e dos escritores Tommy Wieringa, Maxim Februari, Ted van Lieshout, Herman Koch e da autora de livros para crianças Ángela Peláez, além do romancista Cees Nooteboom, que escreveu “A história seguinte”, com cenário em Portugal, e uma monografia sobre o pintor barroco espanhol Francisco de Zurbarán, com particular ênfase na série dos “Apóstolos”, da coleção do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa.
No contexto da programação do país convidado, a FILBO evoca ainda Anne Frank, a menina judia que viveu escondida com a família, em Amesterdão, durante a ocupação nazi daquele país, na II Guerra Mundial (1939-1945), sendo o seu diário um dos destaques do certame, assim como o livro da sua companheira de escola Nenette Blitz, “Sobrevivi ao Holocausto”.
A participação de João de Melo, autor de “Gente feliz com lágrimas” e “Os Navios da Noite”, distinguido com o prémio Vergílio Ferreira 2016, está anunciada para quinta-feira, 28 de abril, no âmbito de “A arte de viajar”. No mesmo dia, a autora de “Retorno”, Dulce Maria Cardoso, falará sobre “Dramas e traumas pós-coloniais”.
Na véspera, 27 de abril, é esperada a intervenção de Bárbara Bulhosa, “Contra a censura”, e o responsável da Booktailors vai falar sobre “Novas maneiras de vender direitos”. Valter Hugo Mãe, autor de “A desumanização”, participa no debate “Humanización y deshumanización”, anunciado para terça-feira, 26 de abril, dirigido pelo especialista pessoano Jerónimo Pizarro.
O diretor da FILBO, Pedro Rapoula, em declarações à Lusa, quando iniciou funções, no passado dia 19, disse que este cargo apresenta “muitíssimos desafios” e esclareceu: “A FILBO é, segundo dados oficiais, o segundo maior evento literário da América Latina, só ultrapassado por Guadalajara. Até há bem pouco tempo, ocupava a terceira posição, atrás de Buenos Aires. Este crescimento deveu-se a um excelente trabalho realizado pela anterior direção. É, pois, muito desafiante (e inquietante) chegar a uma casa que tem conhecido um enorme desenvolvimento nos últimos cinco anos”.
A FILBO é visitada por mais de 600 mil pessoas, durante as duas semanas que decorre, e inclui um programa que conta com mais de 1.500 eventos culturais, entre conferências com escritores, lançamentos de livros, encontros de edição, referiu o antigo Conselheiro Cultural na Embaixada de Portugal em Bogotá.
A programação da feira pode ser consultada em http://feriadellibro.com.
Correção: Pedro Rapoula não é diplomata.