Um grupo de hackers russo entrou na base de dados da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla inglesa) e divulgou publicamente informação médica confidencial de três das atletas mais famosas dos Estados Unidos. Segundo o New York Times, os documentos divulgados esta semana mostram que a ginasta Simone Biles e as irmãs tenistas Serena e Venus Williams receberam prescrições médicas para usar drogas ilegais. A Wada, contudo, apesar de confirmar a fuga de informação, garante que as substâncias não foram usadas de forma irregular.
“A Wada lamenta profundamente esta situação e está muito consciente da ameaça que representa para atletas cujas informações confidenciais foram divulgadas através deste ato criminoso”, escreveu esta terça-feira Olivier Niggli, diretor-geral da agência antidoping, confirmando a autenticidade dos documentos mas rejeitando qualquer violação das regras. Segundo se lê no mesmo comunicado divulgado esta terça-feira, a fuga de informação foi atribuída a um grupo de ciberespionagem russo conhecido por Tsar Team, ou Fancy Bear.
Segundo a Wada, Biles e as irmãs Williams não cometeram qualquer irregularidade uma vez que algumas atletas com determinadas condições médicas podem pedir prescrições para tomar certos medicamente que estão na lista das substâncias consideradas proibidas. Biles, por exemplo, terá consumido medicamentos supostamente proibidos no desporto mas considerados legais pela Wada para combater a hiperatividade, e as irmãs Williams terão consumido substâncias consideradas anti-inflamatórios.
Segundo o New York Times, a Federação Internacional de Ténis confirmou as exceções concedidas a determinadas atletas, como Serena e Venus Williams, para tomarem substâncias que constam da lista de substâncias proibidas, dando conta de que a organização mundial de ténis tinha aprovado o consumo. Ou seja, as substâncias podem ser proibidas à partida mas o seu consumo está autorizado para determinadas atletas, através de uma autorização que é concedida caso a caso.
“Em cada uma destas situações [das irmãs Williams e da ginasta Biles], as atletas fizeram tudo de acordo com as regras globais para obter a permissão para usar aquela medicação”, disse àquele jornal norte-americano o presidente da agência antidoping norte-americana Travis T. Tygart.
O grupo de hackers russos escreveu no site que os EUA “jogaram bem mas jogaram sujo” nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, e reivindicou a autoria do ataque informático na segunda-feira à noite. O Tsar Team disse ainda que esta era apenas “a ponta do iceberg”, prometendo novas revelações nos próximos dias. “O desporto hoje está contaminado e o mundo não está por dentro do enorme número de atletas americanos que recorrem ao doping“, escreveram.