O exército do Burkina Faso decidiu, ao início da noite de quinta-feira, dissolver o parlamento e o governo do país, depois de um dia de violentos protestos que eclodiram na capital Ouagadougou. Os manifestantes protestavam contra o facto de Blaise Compaoré, presidente do Burkina Faso, ter tentado prolongar o seu mandato através de um projeto-lei. Entretanto, já depois do anúncio do estado-maior das forças armadas, Compaoré afirmou que não se demitia para já e anulou o projeto-lei.

“Com vista ao restabelecimento do diálogo, decidi retirar o projeto-lei contestado e proceder à sua anulação”, afirmou Compaoré numa declaração feita ao país através da televisão, na qual também levantou o estado de emergência que havia decretado ao fim da tarde. Mas o exército, na sua declaração, decretou um recolher obrigatório entre as 19h e as 6h e anunciou a criação de um governo de transição.

“Um órgão transitório será criado em concertação com todas as forças vivas da nação, com vista a preparar as condições para regressar à ordem constitucional normal daqui a 12 meses, no máximo”, afirmou o general Honoré Traoré, chefe do estado-maior das forças armadas do Burkina Faso.

No discurso televisivo, Compaoré confirmou a dissolução do governo e mostrou-se disponível para um “período de transição”. “Continuo disponível para ter convosco um diálogo para um período de transição, no fim do qual transmitirei o poder ao presidente democraticamente eleito”, disse.

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“Continuo convencido que o diálogo construtivo poderá permitir ao nosso povo regressar à sua quietude e olhar para o futuro com confiança”, afirmou o presidente.

“Penso que a declaração de Blaise [Compaoré] não é pertinente. Reafirmamos que ele se deve demitir”, considerou, por sua vez, o líder de um partido da oposição.

Na manhã de quinta-feira, centenas de manifestantes pegaram fogo ao parlamento burkinabé, ao mesmo tempo que outros ocupavam os edifícios da rádio e da televisão estatais. Pelo menos três pessoas morreram durante os confrontos entre protestantes e forças policiais.

Contactado pela TSF, o secretário de Estado das Comunidades José Cesário garantiu que os portugueses que vivem no país se encontram bem.