A coordenadora do Bloco de Esquerda definiu esta terça-feira como “tragicamente irónico” o papel do ministro das Finanças, valorizando os dados “simpáticos” da economia mas realçando que a polémica sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já devia estar encerrada.

“Não deixa de ser tragicamente irónico que o ministro que até tem dados, do ponto de vista da economia, simpáticos para apresentar se esteja a expor a explicações que não têm nenhum sentido, quando isto já devia estar encerrado”, declarou a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, referindo-se ao papel de Mário Centeno na polémica da CGD em torno da anterior administração e da entrega ou não das declarações de rendimentos e património.

O Bloco, disse a sua líder, “não se pronuncia sobre as condições” dos ministros exercerem ou não as suas funções, focando-se antes em debater políticas com o Governo. Catarina Martins, que falava à margem de uma visita a uma escola em Lisboa, defendeu, contudo, que na segunda-feira não houve “nenhum facto novo” sobre a CGD, um dossiê que, lamentou, vem sendo “mal gerido”. De todo o modo, concretizou a líder bloquista, há que realçar que “foi derrotada qualquer visão” de fuga à “transparência” pelos gestores do banco público.

“A nossa convicção foi sempre de que tanto o Ministério das Finanças como a anterior administração da Caixa tinham a convicção de que podiam escapar às leis sobre a transparência. O BE sempre disse que essa era uma visão derrotada, essa visão foi derrotada, obrigou à substituição da administração da Caixa, as regras da transparência estão a ser cumpridas no país”, disse ainda. O importante, continuou Catarina Martins, é meter a Caixa “ao serviço da economia e do emprego” após concretizado o seu processo de recapitalização.

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O primeiro-ministro, António Costa, confirmou na segunda-feira a confiança em Mário Centeno no exercício das suas funções governativas, após um contacto com o Presidente da República e depois de, em conferência de imprensa, o ministro das Finanças ter afirmado que o seu lugar “está à disposição” desde que assumiu funções.

Centeno reiterou na conferência de imprensa que deu na segunda-feira que o acordo com António Domingues para a liderança da CGD não envolvia a eliminação da entrega das declarações de rendimentos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu também na segunda-feira que aceitou a posição do primeiro-ministro de manter a confiança no ministro da Finanças “atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira”. Numa nota divulgada no ‘site’ da Presidência da República é referido que o chefe de Estado recebeu, a pedido do primeiro-ministro, o ministro das Finanças, antes da conferência de imprensa que Mário Centeno deu ao final da tarde de segunda-feira.