O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recusou esta quinta-feira pronunciar-se sobre as considerações do porta-voz do PS, João Galamba, quanto ao seu envolvimento na polémica da Caixa Geral de Depósitos (CGD). “É muito simples. É um caso encerrado, ponto final, parágrafo. É um caso [CGD] que está encerrado. Agora, olhemos para o futuro, e no futuro temos muito para tratar em relação à recapitalização da Caixa, como já disse”, reiterou o chefe de Estado esta tarde, pelas 16:40, de visita ao Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica, no Porto.

O Presidente foi confrontado com as palavras do deputado do socialista João Galamba no programa de debate político do Canal Q e da rádio TSF “Sem Moderação”, segundo as quais está tão envolvido na polémica da Caixa Geral de Depósitos como o ministro das Finanças, Mário Centeno.

“Em relação ao passado, terminou. O Presidente, o que tinha a dizer, está dito, não muda uma linha, não muda uma vírgula, não acrescenta uma vírgula, está dito. O Presidente disse aquilo que entendia que devia dizer, está dito! Como não há quem substitua o Presidente no exercício das suas funções, está dito”, insistiu, sem fazer qualquer comentário sobre as palavras de Galamba.

No programa de debate político na quarta-feira, João Galamba, considerou que o Presidente está tão implicado na polémica da Caixa Geral de Depósitos quanto o ministro das Finanças, Mário Centeno. “O Presidente da República está profundamente implicado nisto. E o que ele tentou fazer na segunda-feira, político hábil como é, foi tentar demarcar-se disto e tentar desresponsabilizar-se de algo que é responsabilidade também sua. Tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o senhor Presidente da República, ser ‘ipsis verbis’ acusado exatamente da mesma coisa”, afirmou o deputado socialista no decorrer do programa “Sem Moderação”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Porta-voz do PS acusa: Marcelo está “profundamente implicado” na polémica da Caixa

Galamba referia-se à polémica em torno das mensagens de telemóvel alegadamente trocadas pelo ministro das Finanças com o anterior presidente do Conselho de Administração da CGD, António Domingues, para que o gestor ficasse excluído da obrigação legal de entregar a declaração de rendimentos e património no Tribunal Constitucional. As declarações de João Galamba aconteceram no mesmo dia em que o Presidente da República dera a polémica da CGD por encerrada e três dias depois de emitir um comunicado sobre a matéria.

Para mim, esta questão é uma questão encerrada. E quando fiz a nota, fiz a nota conhecedor de todos os elementos fundamentais, todos os que era possível conhecer na altura em que fiz a nota, todos os dados que eram essenciais para fazer aquela nota”, declarou na quarta-feira o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa referia-se à nota que publicou na noite de segunda-feira e na qual referiu que aceitou a posição do primeiro-ministro de manter a confiança no ministro da Finanças, Mário Centeno, “atendendo ao estrito interesse nacional, em termos de estabilidade financeira”.