Tomou o habitual duche diário sem conhecer as últimas recomendações da Direção Geral de Saúde. E só no café soube que deveria ter mergulhado o comando do chuveiro em água com lixívia. Silvina Martins mora na Póvoa de Santa Iria, no concelho de Vila Franca de Xira, e está “preocupada” com a infeção pela bactéria que já contaminou quase 200 pessoas.

No sábado, Silvina leu tudo o que podia sobre as formas de contágio da bactéria Legionella, também conhecida como a Doença dos Legionários. E agradeceu o facto de não ter levado a filha, de onze anos, à piscina nas últimas duas semanas. “A minha filha está a tomar cortisona por causa de uma doença crónica e o que me deixa mais descansada é que a faixa etária falada é mais alta”.

Segundo a Direção Geral de Saúde, o grupo de pessoas mais vulneráveis tem mais de 50 anos, com consumos de tabaco, doenças do foro respiratório ou que sejam alvo de tratamentos à base cortisona ou, mesmo, quimioterapia. Até agora, as vítimas que morreram no Hospital de Vila Franca de Xira tinham outras doenças graves associadas.

“Estou preocupada. Enquanto não souber de onde vem a bactéria vou andar assim”, afirma.

Água esgotada nos supermercados

Em Alverca, a freguesia contígua ao Forte da Casa, “não se fala tanto do assunto”. Quem o diz é Raquel Rosa, que ali vive, mas que tem os pais a viver no Forte da Casa.

“Na sexta-feira a minha mãe pediu-me para ir comprar água porque já não havia garrafas nem garrafões em lado algum. No Jumbo de Alverca havia pessoas com os carrinhos de compras cheios de garrafões e de garrafas de água”, afirma.

No bairro onde os pais residem há já, pelo menos, cinco infetados com a bactéria, que foram internados no Hospital de Vila Franca de Xira. Um deles é dono de um café. “O pior é que o período de incubação da doença varia entre os dois e os dez dias. Por isso ainda podem aparecer muitos mais casos”.

Para agravar a preocupação da possibilidade de ter sido infetado, há vários carros de bombeiros em circulação nas ruas. “A minha mãe viu bombeiros a despejar água das bocas-de-incêndio. Não sei se será por prevenção”.

O Observador tentou falar com o comandante da corporação de bombeiros da Póvoa de Santa Iria, mas não obteve resposta.

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