João Perna será a chave da investigação do processo ao ex-primeiro-ministro. O motorista de José Sócrates foi, de acordo com a imprensa desta manhã de segunda-feira, apanhado em escutas onde revelaria o esquema de correio, que funcionava entre o empresário Carlos Santos Silva e José Sócrates. João Perna levaria dinheiro vivo ao ex-primeiro-ministro em Paris, um esquema que terá sido abandonado nos últimos meses, mas que serviu de fio condutor à investigação do Ministério Público.
De acordo com o Público, Diário de Notícias e Correio da Manhã, o motorista de José Sócrates, que também é arguido no processo, levaria malas de dinheiro regularmente a Paris que chegariam aos milhares de euros. O ex-primeiro-ministro vive em Paris para onde foi estudar. Se num primeiro momento arrendou uma casa, depois, terá comprado um apartamento num dos bairros mais caros de Paris, por cerca de 2,8 milhões de euros, segundo o jornal Sol.
A casa em Paris, de acordo com o semanário, terá sido comprada por Carlos Santos Silva, o empresário amigo de José Sócrates que também é arguido no processo. Mas, segundo a investigação, o dinheiro para a compra do apartamento será do próprio José Sócrates que terá depositado no empresário, amigo de infância, a confiança para gerir o dinheiro que foi conseguindo ao longo dos anos.
A origem do dinheiro é aliás o que falta explicar no processo. O Ministério Público suspeita de luvas que o ex-primeiro-ministro detinha e que era movimentado por Carlos Santos Silva, através de uma conta offshore. O dinheiro seguiria o caminho até ao representante da Octapharma, empresa com a qual José Sócrates tem uma avença por fazer parte do Conselho Consultivo para a América Latina, que o entregaria a Sócrates como uma falsa avença.
Além da documentação recolhida que foi sustentando a investigação que culminou com a detenção em pleno aeroporto do ex-primeiro-ministro, os investigadores da PSP e da Autoridade Tributária terão recolhido um conjunto de documentação, também fruto do levantamento do sigilo bancário, e ainda documentação que estava numa caixa numa empresa em Alvalade, onde José Sócrates guardava documentos. Acrescenta o jornal Público, que apesar de existirem escutas no processo – como aquelas em que João Perna revelaria o esquema – a investigação baseia-se em documentação recolhida ao fim de mais de um ano de recolha no terreno.