“De uma coisa tenho a certeza: quer a câmara, quer a assembleia municipal continuarão a batalhar” para que os transportes de Lisboa venham a ser geridos pela autarquia e não por privados. A afirmação é de Rui Paulo Figueiredo, deputado socialista da Assembleia Municipal de Lisboa e da Assembleia da República que acusa o Governo de ter uma “obsessão ideológica” pela concessão da Carris e do Metro a privados.

O secretário de Estado dos transportes anunciou esta quinta-feira que o Governo pretende ter a concessão feita até julho e que, se a Câmara Municipal de Lisboa quiser gerir as operadoras, deverá apresentar uma proposta em pé de igualdade com os outros eventuais interessados. Segundo Sérgio Monteiro, “seria estranho que os contribuintes pudessem vir a ser prejudicados por haver entidades que se propunham a fazer algo melhor do que a câmara”.

Para Rui Paulo Figueiredo, “muita água ainda vai correr sob isto”, sobretudo porque, acusa, o Governo tem tido “comportamentos contraditórios” em relação ao setor dos transportes. Isto porque, há dias, foi aprovado em Conselho de Ministros o novo regime jurídico dos transportes públicos que extingue as autoridades metropolitanas de Lisboa e do Porto e transfere as suas competências para as Áreas Metropolitanas por um período de seis meses, até que as concessões estejam concluídas. Ora, para o deputado socialista, é aqui que reside a contradição.

“Nós criticamos veementemente o comportamento do Governo”, disse Rui Paulo Figueiredo ao Observador, confiante de que todo o processo ainda vai ser favorável às pretensões da autarquia lisboeta. “Se o Governo gerir com tanta incompetência em Lisboa como [fez] no Porto, chegamos às eleições legislativas” sem que o assunto esteja resolvido, atirou. E aí, caso António Costa seja eleito primeiro-ministro, tudo isto cairá por terra, acredita o deputado.

Na terça-feira, numa reunião da assembleia municipal, António Costa defendeu que o Governo se “devia abstrair” de tomar qualquer decisão sobre os transportes de Lisboa até que o novo regime jurídico esteja completamente implementado – e a transferência de competências das autoridades metropolitanas para os municípios esteja feita.

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