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Harry e Meghan não são os únicos. 7 histórias de quem se afastou das regras da Coroa

Este artigo tem mais de 4 anos

Japão, Suécia, Holanda... Os exemplos vêm de todo o mundo e a maior parte deles de dentro da realeza britânica. Conheça as histórias de quem trocou a Coroa pelo amor ou autonomia.

Foi em outubro de 2019 que o rei Carl XVI e a rainha Sílvia da Suécia anunciaram que tinham retirado aos cinco netos o estatuto de membros oficiais da casa real, deixando, a partir desse momento, de serem tratados por suas Altezas Reais.
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Foi em outubro de 2019 que o rei Carl XVI e a rainha Sílvia da Suécia anunciaram que tinham retirado aos cinco netos o estatuto de membros oficiais da casa real, deixando, a partir desse momento, de serem tratados por suas Altezas Reais.

Foi em outubro de 2019 que o rei Carl XVI e a rainha Sílvia da Suécia anunciaram que tinham retirado aos cinco netos o estatuto de membros oficiais da casa real, deixando, a partir desse momento, de serem tratados por suas Altezas Reais.

Ainda não passaram 24 horas desde que o Príncipe Harry e Meghan Markle surpreenderam o mundo ao anunciar a sua vontade de se afastarem da “posição sénior” que mantinham no seio da Família Real Britânica, mas já rios de tinta foram escritos sobre a grande questão que ainda está por responder (pelo menos totalmente): o que vai acontecer agora?

As incógnitas são muitas e há bastante ainda por explicar. Uma coisa, porém, é certa — esta não é a primeira vez que algo do género acontece, não só dentro da monarquia britânica como em outras casas reais pelo mundo. A vontade de afastamento, ou mesmo o ato de abdicar ou recusar títulos e posições nobiliárquicas dentro de uma casa real, é mais comum do que parece, seja por imposição “das regras”, como acontece no Japão, por exemplo; pela pressão de um Parlamento, como sucedeu na Suécia; por causa de uma busca pela privacidade, como se vê no Reino Unido; ou simplesmente por amor.

Conheça estas e outras histórias na listagem que se segue.

Meghan e Harry afastam-se da família real

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Rei Eduardo VIII do Reino Unido

A paixão pela norte-americana Wallis Simpson (esq.) levou a que o então rei do Reino Unido, Eduardo VIII, abdicasse do trono em prol do seu irmão, que viria a ser o rei George VI, pai da atual Rainha Isabel II..

Getty Images

Deve ser, muito provavelmente, o mais mediático de todos os casos.  Quando na noite de 11 de dezembro de 1936 Eduardo VIII falou à nação, já deixara de ser rei para ser novamente príncipe. Um dia antes do discurso de abdicação, quando disse a famosa frase “Eu achei impossível carregar o pesado fardo da responsabilidade e cumprir os meus deveres como rei, como gostaria de fazer, sem a ajuda e o apoio da mulher que amo”, o então Império Britânico ficou em choque ao saber que o seu governante máximo tinha abdicado a favor do irmão, Albert (que adotaria o nome de George VI), por causa da norte-americana Wallis Simpson.

Os dois tinham-se apaixonado numa altura em que Wallis estava a meio de um processo de divórcio, o segundo, e isso complicaria, em muito, uma vida a dois. Nessa altura, a Igreja de Inglaterra não permitia que pessoas divorciadas se casassem novamente, por isso Eduardo não poderia continuar a ser o Chefe de Estado — e, consequentemente, líder da igreja britânica — caso quisesse fazê-lo com Simpson. Perante essa impossibilidade, decide então abdicar do trono e sair de Inglaterra.

O seu irmão, George VI, pai de Isabel II, acabou por lhe atribuir um título alternativo, a ele e Wallis — passaram a ser os Duques de Windsor — mas nunca mais foram autorizados a usufruir do estatuto e das regalias de se ser uma Majestade Real.

Esta história é também aquela que tem mais pontos em comum com a de Harry e Meghan. Não só volta a haver uma norte-americana envolvida no processo de afastamento da vida monárquica, como Markle também era divorciada quando casou com Harry. Se a Igreja de Inglaterra não tivesse mudado desde o tempo de Eduardo, o irmão de William teria abdicado antes de dar o nó com a estrela de Hollywood?

Princesa Ana do Reino Unido

A princesa Ana, filha do Príncipe Phillip e de Isabel II, casou-se duas vezes. Em ambos os casos os maridos não aceitaram o título real.

Getty Images

A princesa Ana é a menos mediática dos filhos da rainha de Inglaterra. A sua história no seio da família real britânica, à semelhança da de outros que vieram antes (e depois) dela, teve a sua quota parte de convulsões.

Foi no dia 14 de novembro de 1973 que Ana casou com o capitão de cavalaria armada Mark Philips, militar consagrado mas pouco consensual (os colegas chamavam-lhe ‘foggy’ por ser tido como molengão e grosseiro) que viria a ganhar ouro olímpico em Munique pelo seu desempenho no concurso de equitação. Aliás, foi precisamente a paixão pelos cavalos que juntou a princesa e o capitão: Ana até foi a primeira monarca britânica a participar nuns jogos olímpicos, também na área da equitação.

Conta-se que no dia do casamento da filha, Isabel II ofereceu ao seu novo genro um título de conde, mas este recusou — por indicação da própria Ana, suspeita-se. Parece que a princesa não queria que os filhos (Zara e Peter Philips) tivessem de viver sob o constante escrutínio e obrigação que os títulos nobiliárquicos carregam.

O tempo não fortaleceu esta união, muito pelo contrário: depois de vários anos, o casal decide separar-se. Comunica essa intenção em 1989, mas só em 1992 é que tudo fica formalizado. Foi nesse mesmo ano que a princesa voltou a casar, desta vez com o contra-almirante Timothy Lawrence. A união foi celebrada na Escócia, ao abrigo da Igreja da Escócia (outra vez o pormenor da Igreja de Inglaterra não aceitar que divorciados se pudessem casar novamente), e Ana entrou na história ao ser a segunda princesa divorciada a voltar a casar-se depois de Vitória de Edimburgo, neta da rainha Vitória. Lawrence recusou os títulos nobiliárquicos.

Princesas Ayako, Mako e Sayako do Japão

As princesas Ayako (esq.), Mako (ao meio) e Sayako (dir.) - A "lei" japonesa dita que qualquer princesa que queira casar com um "plebeu" tem de abdicar do seu estatuto monárquico.

A monarquia japonesa, enquanto mais velha do mundo atual, não podia escapar a situações deste género. Neste caso em especifico, é a própria lei que determina casos pontuais de abdicação “por amor”. Corria o ano de 1947 quando, no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, foi aprovado o Imperial Household Act que, entre várias coisas, determinava que, daí em diante, todos os membros do sexo feminino que quisessem casar com alguém que não fosse da realeza, ou tivesse qualquer grau de aristocracia, teria de abdicar de todos os seus títulos e regalias. Desde então já foram várias as monarcas que passaram por isto.

A princesa Ayako, por exemplo, que é filha do príncipe Takamado, um dos primos do Imperador Akihito, decidiu dar o nó com Kei Moriya, magnata da indústria naval japonesa em 2018. Pouco depois de ter concluído o seu curso de Assistente Social, Ayako deu prioridade ao amor e não à instituição real do Japão, perdendo o direito de assumir qualquer função real, mas mantendo uma espécie de fundo de maneio no valor de 950 mil dólares anuais.

O caso da princesa Sayako, a única filha do imperador Akihito, foi ainda mais mediático. A 15 de novembro de 2005 casou-se num hotel de Tóquio com o arquiteto (e plebeu) Yoshiki Kuroda, perdendo assim o seu lugar como herdeira do trono do Japão e sendo excluída da respetiva casa real. Tornou-se na segunda princesa herdeira da história nipónica a abdicar do seu papel real em nome do amor — 45 anos antes a princesa Takako abriu o precedente ao casar com um banqueiro.

Este cenário irá, muito provavelmente, repetir-se este ano, 2020, quando a princesa Mako finalmente concretizar o casamento com Kei Komuro. A sobrinha do Imperador Naruhito anunciou o seu noivado com este académico em 2017, ficando assente que a cerimónia decorreria no dia 4 de novembro de 2019. Contudo, uma disputa financeira em que Komuro e a sua família se viam envolvidos, obrigaram a que o casamento ficasse em stand by, pelo menos até 2020.

Príncipe Johan Friso dos Países Baixos

Contra a vontade da família real dos Países Baixos e do respetivo parlamento, Johan Friso acabou por casar com Mabel Smit e, por isso, perdeu o seu direito ao trono real.

AFP via Getty Images

Johan Friso, príncipe dos Países Baixos, também se viu forçado a abdicar da sua ligação ao trono por causa do coração. Ou melhor, por causa de um escândalo que envolvia a mulher com quem se quis casar. No ano de 2003 tudo já estava a ser preparado para o grande casamento que o ligaria a Mabel Wisse Smit quando a casa real deste país decidiu bloquear tudo e vetar Mabel como futura mulher do herdeiro da coroa.

Na altura, não houve muitas explicações sobre o fundamento desta decisão, mas aos poucos acabou por se saber que a futura princesa andava a esconder informações importantes sobre o significado da ligação que teve no passado com um dos maiores barões da droga da “antiga Holanda“, um dos criminosos mais infames do país.

Friso sempre desvalorizou esse argumento e tanto batalhou que chegou mesmo a casar com Mabel, sem a aprovação do Parlamento, decisão que fez com que fosse retirado da linha de sucessão ao trono — apesar de terem permitido que mantivesse o seu título honorífico. Infelizmente Johan Friso acabou por morrer de forma trágica em 2013, na sequência de um acidente de ski na Áustria.

Princesa Ubolratana da Tailândia

Ubolratana Rajakanya era a herdeira do trono da Tailândia antes de casar com um norte-americano. Divorciou-se, foi estrela de cinema e tentou (sem sucesso) apostar numa carreira política.

Los Angeles Times via Getty Imag

Quando a princesa Ubolratana Rajakanya, filha mais velha e principal herdeira do trono então ocupado pelo rei tailandês Bhumibol Adulyadej, anunciou que ia casar com um norte-americano, todo o país ficou em choque. Foi durante o tempo que passou a estudar no famoso MIT, nos EUA, que Ubolratana conheceu Peter Jansen, um engenheiro “plebeu” que rapidamente lhe roubou o coração. Em 1972, contrariando todos os conselhos da sua família e da respetiva casa real, o casal selou a sua união: Ubolratana perdeu todos os seus títulos e graus nobiliárquicos e os dois assentaram de vez nos Estados Unidos, convictos de que iam lá ficar para sempre e construir família.

Esta decisão polémica acabou por não correr pelo melhor já que em 2001 o casal separou-se. Tiveram três filhos, mas a tragédia bateu à porta quando o tsunami de 2004 que afetou o sudoeste asiático vitimou um dos seus descendentes.

Desde então, Ubolratana nunca mais voltou a ter autorização para ser tratada como Alteza Real, mas é referida como “Tunkramom Ying”, expressão que, traduzida livremente, significa algo como “Filha da Rainha Regente”. Depois do divórcio, a ex-princesa regressou à Tailândia e começou uma carreira como atriz, sendo protagonista de filmes tailandeses como o “Where The Miracle Happens” (2008), “My Best Bodyguard” (2010) and “Together” (2012). Mais recentemente, tentou apostar numa carreira política, chegando a posicionar-se como possível candidata a Primeira Ministra desta nação asiática, mas o seu irmão, o rei Maha Vajiralongkorn, impediu que tal acontecesse.

Christopher O’Neill, marido da Princesa Madeleine da Suécia

Christopher O'Neill, marido da princesa Madaleine da Suécia, não quis qualquer titulo real para preservar a sua cidadania britânica-norte-americana

PA Images via Getty Images

Vem da Suécia este outro caso de monarcas (ou candidatos a) que escolheram não seguir esta via. Foi em 2013, em pleno Palácio Real de Estocolmo, que a princesa Madeleine da Suécia casou com o empresário britânico-americano Christopher O’Neill. Ao contrário do que acontece noutras casas reais, o facto de O’Neill ser considerado um “plebeu” não causou grande problema, o espanto surgiu mais tarde, quando o mesmo escolheu não fazer parte da instituição “família real” e abdicar do direito a ser tratado como realeza.

Caso quisesse pertencer à realeza, Christopher teria de abdicar da sua dupla nacionalidade e adotar o nome de família da sua mulher, Bernadotte. O empresário não escolheu esse caminho, a sua mulher também não quis ficar com o nome dele — para não perder o seu estatuto de realeza — e os dois foram viver para Londres, longe do olhar da imprensa e com a sua privacidade mais resguardada.

Netos do Rei Carl XVI da Suécia

O rei Carl XVI decidiu no final de 2019 retirar o estatuto de membros oficiais da família real sueca aos cinco netos.

No passado mês de outubro de 2019, a família real sueca voltou à ribalta por novas questões relacionadas com a sucessão ao trono. Foi nessa altura que, com algum espanto, o mundo soube que o rei Carl XVI e a rainha Sílvia tinham retirado aos cinco netos o estatuto de membros oficiais da casa real. Deixando, a partir desse momento, de serem tratados por suas Altezas Reais.

O anúncio foi algo confuso porque, na prática, os príncipes Alexander, Gabriel e Nicolas e as princesas Leonore e Adrienne mantiveram os seus títulos de Duques e Duquesas e também não houve alteração na linhagem de sucessão (a herdeira direta é a princesa Victoria, seguida dos seus filhos, a princesa Estelle e o príncipe Oscar). Esta alteração significa que essas crianças passaram a deixar de ter de marcar presença nos deveres oficiais da coroa, por exemplo, e a estarem elegíveis para receber o financiamento anual — pago com dinheiro dos impostos — que é sempre atribuído à família real.

Todas as partes envolvidas comentaram que esta era uma mudança planeada há muito tempo e até apoiaram a tomada de decisão, afirmando que ela ajudaria as crianças a terem maior controlo sobre o caminho que queriam seguir na sua vida.

Contudo, um perito em realeza sueca citado pelo Express explicou que a mudança se deveu muito provavelmente ao maior escrutínio feito aos membros da família real. À quantidade deles, mais precisamente. “O Parlamento anunciou há uns anos que iria começar a rever alguns princípios relacionados com a monarquia. Um deles era o tamanho da mesma”, afirma o especialista. Por outras palavras, o dinheiro despendido para sustentar toda a família provavelmente começou a ser demasiado e esta foi a solução encontrada para atenuar algum eventual desconforto do público e, desta forma, preservar a “saúde” da monarquia sueca.

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