O exército sírio não está a conseguir travar o avanço do Estado Islâmico (EI). Depois de intensos confrontos entre as duas forças, o grupo terrorista conseguiu controlar grande parte do norte da cidade histórica de Palmira (ou Tadmur), cujas ruínas são classificadas como Património da Humanidade pela Unesco. Um dos marcos arquitetónicos mais relevantes da história romana pode, assim, estar próximo da destruição.

Na quinta-feira, o responsável de antiguidades do Governo sírio, Maamoun Abdulkari, em declarações à agência Reuters, já tinha deixado o alerta: se organização terrorista chegasse à cidade, destruirá “tudo o que ali há”. As piores perspetivas parecessem estar prestes a confirmar-se à medida que os jihadistas vão ganhando terreno.

A informação foi avançada por Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). À France Presse, Rahman revelou que existem ainda “confrontos intensos em curso”, numa altura em que o Estado Islâmico já tomou o controlo da maior parte do norte de Palmira”.

Até ao momento, morreram pelo menos 13 militantes do EI, mas as baixas do lado do exército sírio não são conhecidas. Ainda de acordo com o diretor do OSDH, durante a ofensiva, os jhiadististas executaram pelo menos 49 civis. Além dos combates a norte de Palmira, estão também a decorrer confrontos perto da cidadela islâmica, no oeste da cidade. A maior parte das ruínas monumentais, com colunas romanas torcidas, templos e torres funerárias, estão localizadas no sudoeste da cidade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Palmira constitui-se como uma cidade muito importante para o regime de Bashar al-Assad: tem depósitos de armas, um aeroporto e uma prisão militar. É também a primeira linha defensiva contra ataques do Estado Islâmico a partir do leste da Síria, por onde o grupo terrorista costuma atacar. Palmira é também um ponto defensivo para os campos de gás e petróleo, incluindo o de Shaer, a principal fonte de gás do regime.

Para o Estado Islâmico, a conquista da cidade reveste-se de grande importância estratégica para o EI, porque se abre sobre o grande deserto sírio, junto à província iraquiana de Al-Anbar, em grande parte controlada pelo grupo ultrarradical sunita.

A 25 de fevereiro, o Estado Islâmico destruiu cerca de 8.000 livros da biblioteca pública da cidade iraquiana de Mosul, entre os quais vários manuscritos que constavam na lista de raridades da UNESCO. No dia seguinte, o grupo terrorista entrou no museu da mesma cidade acabando por destruir várias estátuas milenares, com origem entre os séculos VII e VIII a.C.

Em março, os jihadistas destruíram com bulldozers ruínas e vestígios arqueológicos da Assíria, um reino que existiu na antiga Mesopotâmia, e de Hatra, desta vez utilizando bombas de gás. Mais recentemente, destruiram os vestígios de Dur Sharrukin na cidade de Jorsabad, que servira de capital da Assíria durante parte do século VIII a.c.