A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima um crescimento económico ainda moderado para os países da zona euro este ano, de 1,4%, admitindo que acelere para os 2,25% no final de 2016.

No ‘Economic Outlook’ hoje divulgado, a OCDE prevê que a economia da zona euro cresça 1,4%, “acelerando gradualmente” para 2,1% em 2016, em linha com as projeções mais recentes para os países da moeda única, divulgadas pela instituição em março.

A OCDE justifica este crescimento com os baixos preços do petróleo, a depreciação do euro, a melhoria das condições de financiamento, os estímulos adicionais provenientes das políticas monetárias expansionistas do Banco Central Europeu (BCE) e um abrandamento na consolidação orçamental dos países da moeda única.

A entidade diz que a melhoria económica da primeira metade deste ano “é ainda moderada”, tendo sido apoiada pela recuperação da procura interna e da procura externa e prejudicada por um investimento “ainda lento”.

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Além disso, a instituição liderada pelo mexicano Ángel Gurría considera que a redução da taxa de desemprego – de 11,5% em 2014 para 11,1% este ano e para 10,5% no próximo – é “lenta” e “continua a exceder os níveis anteriores à crise por margens significativas” nos países da moeda única, à exceção da Alemanha. A OCDE destaca ainda que, em vários países da zona euro, as taxas de desemprego jovem são “pelo menos duas vezes superiores à média”.

A OCDE antecipa que a inflação na zona euro caia de 0,4% para 0,0% em 2015, subindo depois para 1,3% em 2016, em resultado da dissipação dos efeitos dos baixos preços energéticos e dos resultados das políticas monetárias levadas a cabo pelo BCE.

Os BRICS puxam pelo mundo

Ainda assim, segundo a OCDE, as economias mais desenvolvidas (no seu todo) deverão crescer 1,9% em 2015 e acelerar o ritmo de crescimento para os 2,5% em 2016.

Os BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) serão os grandes impulsionadores desse crescimento, devendo crescer em média 2,4% este ano, acelerando para os 3,6% no próximo ano, puxados pela China e Índia.

A Índia deverá ser o país com o maior crescimento económico neste e no próximo ano, com 7,3 e 7,4%, ultrapassando a China, que abranda as taxas de crescimento para 6,8 e 6,7% em 2015 e 2016.

A performance económica dos restantes países do grupo comprovam a tese apresentada no ano passado pelo próprio criador do acrónimo, que defende que já não faz muito sentido olhar para estes países como um grupo relativamente homogéneo, dado que o Brasil e a Rússia enfrentam uma recessão este ano e não passam da casa dos 1% na recuperação prevista para o próximo ano.

Os riscos maiores: Grécia à cabeça

No que respeita ao conjunto das economias da OCDE, o seu crescimento global deverá reforçar-se ao longo de 2015 e 2016 “mas permanecer modesto em relação ao período pré-crise” e alerta que “o investimento, uma componente crucial nestas previsões, ainda tem de disparar”.

A organização liderada pelo mexicano Angel Gurría alerta para a existência de riscos às projeções que hoje divulgadas, nomeadamente “perturbações geopolíticas e estabilidade financeira severa”, mas também a ausência de um “acordo satisfatório” entre a Grécia e os seus credores.