A Portugal Telecom (PT) comprou cerca de 900 milhões de euros de dívida de curto prazo do Grupo Espírito Santo (GES), noticia esta quinta-feira o Expresso Diário. O papel comercial da RioForte, “holding” do GES, tinha um prazo de 90 dias e foi adquirido numa altura de “stress” financeiro do grupo ao qual pertence o Banco Espírito Santo (BES).

A PT confirmou ao Expresso a compra da dívida, justificando a decisão como “mera aplicação financeira”e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) anunciou que vai analisar a situação. Objetivo: verificar se há favorecimento de acionista, visto o GES deter cerca de 10% do capital da PT e 25,1% do BES, através da Espírito Santo Financial Group (ESFG).

Os títulos de dívida foram comprados pela PT em abril, mês em que foram detetadas “irregularidades” nas contas da Espírito Santo International, sociedade do GES. Em causa, estava uma insuficiência de 2,5 mil milhões de euros. A notícia levanta questões que merecem a atenção da CMVM, se se verificar que a PT financiou o grupo do seu principal acionista.

“Esta aplicação foi feita na preparação do processo de casamento que fizemos com a Oi. Foi uma aplicação a três meses”, explicou ao Expresso Diário fonte oficial da Portugal Telecom. “A gestão de tesouraria não está compreendida na questão de partes relacionadas, a PT sempre geriu as suas aplicações consoante o melhor retorno”, acrescentou.

A dívida da ESI também foi comprada por clientes do BES, obrigando a ESFG a fazer uma provisão de 700 milhões de euros para garantir que esse dinheiro seria reembolsado. A ordem foi dada pelo Banco de Portugal.

A Moody’s colocou o BES e a ESFG sob revisão para possível corte de “rating” na madrugada desta quinta-feira, anunciou o Jornal de Negócios. O banco liderado por Ricardo Salgado está no terceiro nível do chamado “lixo”, com uma classificação de “Ba3”. Se descer, passa a ser considerado como um investimento altamente especulativo.

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